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Economia

Comércio levou três anos para recuperar nível de emprego anterior à pandemia

Especialistas apontam crescimento econômico geral e aumento do PIB como fatores que contribuíram para recuperação

Comércio levou três anos para recuperar nível de emprego anterior à pandemia

O setor de comércio no Brasil demorou três anos para retomar o nível de emprego anterior à pandemia de covid-19. De acordo com a Pesquisa Anual de Comércio, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o comércio brasileiro empregou 10,3 milhões de pessoas em 2022, um aumento de 157,3 mil em relação a 2019, o último ano antes da crise sanitária global. Mas este número ainda é menor do que o pico histórico de 10,6 milhões, registrado em 2014.

A pesquisa abrange 22 setores divididos em três grandes segmentos: comércio varejista, comércio por atacado e comércio de veículos, peças e motocicletas. O comércio varejista, com 7,6 milhões de empregos, continua a ser o principal responsável pela ocupação de trabalhadores no setor. O comércio por atacado empregou 1,9 milhão de pessoas, o maior número da série histórica, enquanto o comércio de veículos, peças e motocicletas contabilizou 846,2 mil empregos.

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Claudemir Galvani, economista, conselheiro do Conselho Federal de Economia e professor do Departamento de Economia da PUC, explica que o aumento do número de pessoas ocupadas no comércio em 2022 deve-se, acima de tudo, ao crescimento econômico geral e ao aumento do PIB.

“Durante o governo anterior, de 2019 a 2022, o crescimento médio do PIB foi de 1,17% ao ano, com uma queda de 3,9% em 2020 devido à pandemia, e uma recuperação para 2,9% em 2022. Essa recuperação econômica é diretamente refletida no aumento da ocupação, especialmente no setor de comércio”, afirma Galvani.

Ele destaca que, enquanto a agropecuária representa cerca de 7% do PIB e a indústria 25,5%, o setor de serviços e comércio representa 67,4% do PIB. Em termos de empregabilidade, a agropecuária representa menos de 10% do emprego total, enquanto serviços e comércio representam cerca de 70%. No entanto, o salário médio no comércio é relativamente baixo, sendo em torno de dois salários mínimos, com o varejo sendo ainda mais baixo, cerca de 1,75 salários mínimos.

Denise Kassama, conselheira federal do Conselho Federal de Economia, destaca que a melhoria na geração de empregos no comércio reflete a recuperação econômica geral do país. Ela observa que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e o aumento dos empregos de carteira assinada têm contribuído para a melhoria da renda do trabalhador brasileiro.

“O brasileiro já está podendo comprar ou trocar de televisão, comprar ou trocar de motocicleta. É porque a renda dele já está permitindo e uma coisa puxa outra. O consumo estimula o comércio, que estimula a indústria, que gera emprego, que gera renda”, destaca.

Vendas digitais

Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ressalta a recuperação do setor de comércio em relação à receita operacional, que cresceu 68% desde 2020. Para ele, o comércio virtual auxiliou o setor nesse período.

“Portanto, em três anos o setor conseguiu crescer bastante em termos de geração de receitas e essa recuperação na receita operacional líquida se deu, sobretudo, por conta da digitalização do consumo. A quantidade de estabelecimentos comerciais que vendem online cresceu 80% num período em que as vendas no e-commerce brasileiro cresceram 225%”, informa.

O número de negócios que adotaram plataformas online, incluindo sites e redes sociais, saltou de 1,9 mil em 2019 para 3,4 mil em 2022, um aumento de 79,2%. Em termos de porcentagem, o comércio varejista online cresceu de 4,7% para 8% entre 2019 e 2022.

A comerciante Joana dos Santos, de 48 anos, é dona de uma loja na Feira Central de Ceilândia (Distrito Federal). Ela explica que durante a pandemia precisou adaptar-se para continuar a vender produtos.

“Na pandemia eu recebi o auxílio do governo, mas era um valor bem abaixo das minhas vendas. Como os comércios precisaram ficar fechados, eu precisei vender pela Internet, postava nas redes sociais, como WhatsApp e Instagram, e entregava na casa dos clientes”, relembra.

Hoje, ela explica que a maior parte das vendas ocorre na loja física, embora ainda use o Instagram e o WhatsApp para anunciar produtos. 

Distribuição regional

A pesquisa também revela a desigualdade regional no setor de comércio. O Sudeste se destaca com 50,6% do pessoal ocupado e 54,6% das remunerações totais em 2022.

Estados como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina lideram em participação no setor.

Desafios

Para os próximos anos, Bentes alerta para o desafio contínuo representado pela concorrência desleal de produtos importados, especialmente da Ásia, e a necessidade de ações do governo para proteger o comércio nacional.

“O comércio brasileiro vai lidar com a enxurrada de produtos, que vem especialmente da Ásia para o Brasil. Obviamente, demanda ações do governo, do setor público pra ajudar a proteger o comércio. Nesses países, esses produtos são produzidos de forma muito barata e isso acaba gerando uma concorrência desleal em relação aos preços praticados pelos varejistas brasileiros”, completa.

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Economia

IBS chega aos poucos, mas exige atenção desde já

O Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) será um tributo de gestão compartilhada entre União, estados e municípios

IBS chega aos poucos, mas exige atenção desde já

Com a chegada do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) prevista para o próximo ano, os municípios precisam começar a se organizar para não perder participação na arrecadação dos novos tributos. A orientação é do Conselho Técnico das Administrações Tributárias (CTAT), que divulgou a Nota Técnica nº 4/2025 com recomendações práticas às prefeituras.

O documento foi elaborado com o apoio da Confederação Nacional de Municípios (CNM) e traz diretrizes para que as gestões municipais melhorem a forma como acompanham e fiscalizam os tributos locais, garantindo uma participação mais justa na divisão do IBS, especialmente durante o período de transição.

Criado pela Reforma Tributária (EC 132/23), o IBS será um imposto de gestão compartilhada entre União, estados e municípios. Ele começa a ser testado em 2026, com uma alíquota simbólica de 0,1%, e só em 2033 deve substituir por completo os atuais ICMS (estadual) e ISS (municipal).

Durante o período de transição, entre 2029 e 2077, a arrecadação será dividida parcialmente entre o local onde o serviço ou produto foi consumido e o “coeficiente de participação” de cada governo local — um cálculo que levará em conta a eficiência e estrutura da administração tributária de cada ente federativo.

Distribuição e fiscalização: o que os municípios precisam saber

Segundo a Nota Técnica, a distribuição da arrecadação do novo imposto será organizada por um Comitê Gestor do IBS (CG-IBS). Caberá a esse grupo definir como os valores serão repassados aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios, incluindo prazos, fórmulas de cálculo e os chamados coeficientes de participação.

A CNM alerta que é essencial que os municípios mantenham cadastros atualizados, ampliem a fiscalização de tributos locais e acompanhem de perto seus contribuintes. Também é recomendado o uso eficiente da Nota Fiscal de Serviço Eletrônica e que as prefeituras organizem bem seus processos de cobrança administrativa e judicial de dívidas tributárias.

Participação plena, só em 2078

De acordo com o documento técnico, apenas a partir de 2078 a arrecadação do IBS será totalmente destinada ao município ou estado onde o bem ou serviço foi efetivamente consumido.

Por isso, o CTAT reforça que, quanto mais cedo os municípios se prepararem, melhor será sua fatia na arrecadação futura. A nota traz orientações claras para que os gestores possam tomar medidas práticas agora, garantindo ganhos a longo prazo.

A Nota Técnica 4/2025 está disponível no portal da CNM com todos os detalhes e explicações.
 

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Economia

Café tem queda e é cotado a R$ 2.616,02

Saca de 60 kg tem baixa de 1,84%

Nesta quinta-feira (1), a saca de 60 quilos do café arábica custa R$ 2.616,02 em São Paulo, registrando queda de 1,84%. O café robusta segue a mesma tendência e cai 0,71%, cotado a R$ 1.702,68. 

O açúcar cristal, em alta de 0,76%, custa R$ 143,92 na capital paulista. No litoral, em queda de 0,90%, vale R$ 130,79.

Já a saca de 60 kg do milho fechou em baixa de 0,30% e é negociada a R$ 80,13 para a região de referência de Campinas (SP).

Os valores são do Cepea.

 

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Economia

Soja em queda no Paraná

Grão é cotado a R$ 127,79

Soja em queda no Paraná

A saca de 60 quilos de soja custa R$ 127,79 nesta quinta-feira (1), em queda de 1,11% no interior do Paraná. No litoral do estado, a commodity segue a mesma tendência e cai 0,34%. Hoje, a saca é negociada a R$ 132,14 em Paranaguá. 

O trigo, no Paraná, teve queda de 0,25% e a tonelada custa R$ 1.571,96.

No Rio Grande do Sul, em baixa, custa R$ 1.471,23/tonelada. 

Os valores são do Cepea.

 

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