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Política

Sintético ou natural: o que está em debate em relação aos tipos de gramado utilizados no futebol?

Especialista explica por que manutenção do gramado natural é mais difícil

Sintético ou natural: o que está em debate em relação aos tipos de gramado utilizados no futebol?

Jogadores de futebol como Neymar, do Santos; Gabigol, do Cruzeiro; e Lucas, do São Paulo, entre outros, entraram no movimento contra o uso do gramado sintético para campos de futebol profissional da série A. Eventualmente, esse tema entrou em destaque por motivos e interesses diversos. Mas, afinal, é possível levar a discussão para o campo da ciência biológica e da saúde e integridade física dos jogadores?

O Club Athletico Paranaense, por exemplo, utiliza o gramado sintético no Ligga Arena (Arena da Baixada) desde 2016 e tem defendido o uso do material por oferecer mais “estabilidade e homogeneidade” ao longo das competições. Segundo a equipe, as opiniões diferentes são respeitadas, mas a discussão também deve questionar a qualidade de todos os gramados do futebol brasileiro, sejam naturais ou sintéticos.

O mestre em Biologia Animal pela UFES e vice-presidente do Conselho Regional de Biologia do Espírito Santo, Daniel Gosser Mota, explica que a grama natural enfrenta algumas adversidades, principalmente no período do inverno, como a escassez de água e as baixas temperaturas. “Com isso, toma-se difícil o cuidado, já que ela, no período de dormência, vai investir menos no crescimento, porque vai reservar essa energia para conseguir passar pelo inverno”, afirma. 

Mota destaca, ainda, que, em relação às espécies de grama que mais sofrem com o inverno, pode ser mencionada a Bermuda Celebration, aprovada pela FIFA e utilizada no mundo todo desde 2014. Segundo o especialista, esse tipo sofre com o inverno porque realiza o processo de dormência. “Ela investe menos em crescimento e também acaba ficando mais frágil e acaba causando o descampado, retirada dessas gramas onde há muito fluxo de jogador, principalmente na grande área do goleiro.”

No Brasil, alguns estádios, como o Mineirão, utilizam a grama Bermuda Celebration. No entanto, no inverno, há uma substituição para outra espécie chamada Ryegrass, que é mais tolerante a esse clima. “Com essa semeadura, há o crescimento normal para que os jogos sejam realizados”, pontua. 

“O grau de dormência de algumas gramas vai variar também pela sua localização geográfica. Por exemplo, no Trópico de Câncer, que fica na América do Norte, a variação das épocas do ano é mais bem definida. Já aqui no Hemisfério Sul, no Trópico de Capricórnio, as variações ambientais são bem maiores”, complementa o vice-presidente do Conselho Regional de Biologia do Espírito Santo.

Recomendações da FIFA

A Fifa estabelece o uso de três tipos diferentes de gramados para a prática do futebol. São eles: o natural, a relva natural com reforço híbrido e relva sintética/artificial.
Em relação ao gramado artificial ou sintético, a FIFA conta com programa de qualidade estabelecido para gramados de futebol. Nesse caso, apenas produtos em conformidade com este programa devem ser considerados como grama sintética adequada.

O programa apresenta três níveis de certificação:

  • Fifa Quality Pro: recomendado para futebol profissional (uso típico de até 20 horas por semana).
  • Qualidade Fifa: recomendado para futebol municipal, recreativo e comunitário (uso típico de 40 a 60 horas por semana).
  • Fifa Básica: padrão que atende aos critérios básicos de desempenho e segurança, com garantia de acessibilidade.

Diante disso, os clubes profissionais precisam estar certificados no “Fifa Quality Pro” para, assim, poderem utilizar gramado sintético em seus estádios. 

Gramados utilizados nas principais ligas do mundo

  • Premier League: utilização de grama natural ou híbrida. A exceção na disputa da FA Cup, uma vez que o modelo sintético é permitido para clubes a partir da 5ª Divisão.
  • Champions League: não há restrição, mas a final do campeonato deve ser realizada em grama natural.
  • Série A (Itália): não há restrição. No entanto, somente um clube das Séries A e B utiliza gramado sintético.
  • LaLiga: não há restrição, mas clubes utilizam grama natural ou híbrida;
  • League 1 (França): utilização tanto de grama natural quanto híbrida. 
  • Conmebol: adota a regra da Fifa.

Lesões 

Em meio aos debates, os pontos mais questionados foram se a grama sintética compromete ou não a dinâmica do jogo, ou ainda se esse tipo de superfície deixa os atletas mais suscetíveis a lesões. 

Em relação ao último ponto, uma publicação do jornal Lance mostra que não há um verdadeiro consenso, já que os estudos destacados não trazem resultados com as mesmas definições. 

Uma pesquisa publicada na revista The Lancet, em 2023, indica que a incidência geral de lesões no futebol é menor na grama sintética do que na grama natural. De toda forma, o estudo conclui que o risco de lesão não pode ser usado como argumento contra o gramado artificial.

Outro estudo, realizado entre 2013 e 2026 na Major League Soccer (MLS), mostra que a taxa média de lesões por jogo foi semelhante entre os dois tipos de gramado, com uma leve variação para cima em relação a lesões por jogo em gramado sintético.  

Outra pesquisa baseada nos dados do Sistema de Vigilância de Lesões da NCAA (2004-2014) revela que atletas que treinavam em grama natural apresentavam um risco 26% maior de lesão do ligamento cruzado anterior em comparação com os que treinavam em gramado sintético. Já no caso de partidas oficiais, a diferença entre os tipos de gramado não foi estatisticamente significativa. 

Brasil recebeu 1,4 milhão de turistas internacionais, em janeiro; maior marca para o mês desde 1970

Além desses, um estudo sobre o futebol americano e futebol masculino e feminino no esporte colegial americano mostrou que as lesões do ligamento cruzado anterior foram mais comuns em superfície sintética do que em grama natural, tanto no futebol americano quanto no futebol feminino. Porém, no caso do futebol masculino, essa relação não foi estatisticamente significativa. 

No Brasil, a Confederação Brasileira de Futebol afirmou que aguarda o resultado de um levantamento feito ao longo do Campeonato Brasileiro de 2024, para dar um panorama mais preciso sobre a relação de lesões com gramados sintéticos. Para isso, a entidade recolheu dados junto aos clubes sobre a incidência de lesões ao longo da competição.
 

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Política

São Paulo: homens comem mais fora e mulheres preferem pedir comida por aplicativo

Dados de pesquisa da Nexus também revelam que para a maioria dos paulistanos o prato feito, o famoso “PF”, é o prato que é a cara de São Paulo

São Paulo: homens comem mais fora e mulheres preferem pedir comida por aplicativo

Uma pesquisa que investigou os hábitos alimentares dos paulistas revelou que os homens comem mais fora de casa do que as mulheres. Elas, por outro lado, pedem comida por aplicativo com mais frequência do que os homens em São Paulo. O resultado compõe uma pesquisa inédita denominada “Sabores de São Paulo”, da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados.

O levantamento mostrou que 52% dos homens paulistas têm o hábito de almoçar ou jantar fora de casa, enquanto o percentual fica em 42% entre as mulheres. A média geral do estado é de 47%. No que diz respeito a optar pelo delivery, o serviço é mais utilizado por 55% das mulheres e por 48% dos homens.

O diretor de Pesquisa da Nexus, André Jácomo, aponta que o resultado evidencia aspectos sociais, econômicos e também culturais da sociedade, considerando a falta de afinidade dos homens no preparo do alimento, por isso optam por comer em restaurantes. Com relação às mulheres optarem por delivery, Jácomo diz que pode ser pelo acumulo de funções, e pedir por app facilita a rotina desse público.

“Os homens no Brasil, de modo geral, são menos treinados em relação ao preparo da comida, a fazer sua própria comida em casa do que as mulheres, que é uma questão cultural de fato. E o fato das mulheres, em São Paulo, estarem pedindo mais comida por aplicativo, tem a ver com esse conjunto de tarefas que as mulheres acumulam. Casa que acumulam nas suas rotinas em que pedir uma comida por aplicativo acaba sendo uma solução mais rápida para dar conta de uma série de tarefas das suas rotinas”, aponta André Jácomo.

No recorte geográfico do próprio estado de São Paulo, o levantamento também aponta que existem diferenças nos hábitos alimentares entre moradores da capital e do interior. Dessa forma, 54% daqueles que moram na capital costumam comer mais fora, enquanto o percentual fica em 42% entre os moradores do interior. Já na região metropolitana, são 49% os que fazem refeições fora de casa.

 

Ainda sobre delivery, a média geral de São Paulo é de 52% e chega a 75% entre os jovens de 16 a 24 anos. Assim como comer fora de casa, pedir comida por aplicativo também é um hábito comum para 72% de quem ganha mais de cinco salários mínimos e mais frequente entre moradores da região metropolitana (57%) e da capital paulista (55%), do que do interior (48%).

André avalia que a diferença entre os hábitos de quem mora na capital e no interior tem relação com a dinâmica do cotidiano dos trabalhadores da capital paulista.

“Tem muito a ver com a dinâmica da cidade, tem a ver com o fato de que muitas pessoas acabam tendo que comer fora de casa porque comem perto do trabalho, por conta dos deslocamentos, é uma questão que a pesquisa mostra aqui nos seus resultados”, diz.

A frequência de pedidos de comida em casa também foi analisada pelos pesquisadores da Nexus. Os dados revelam, portanto, que cerca de um terço dos paulistas come fora, sendo 35%, e 31% pede comida em casa de duas a três vezes na semana. Os outros 28% dos moradores de SP usam o delivery uma vez por semana e 20% comem na rua nessa mesma frequência. Além disso, apenas 11% dos paulistas comem fora todos os dias e só 2% pedem comida diariamente.

Qual é o prato que é a cara dos paulistas?

O levantamento investigou, ainda, a relação dos paulistas com as comidas típicas da região. Na hora de responder qual o principal prato que é a cara de São Paulo, 32% dos respondentes elegeram o prato feito, o famoso “PF”. A combinação, entretanto, não significa sempre o mesmo prato, mas uma refeição completa e fácil de encontrar tanto em um estabelecimento simples como em um sofisticado. Geralmente, o PF é composto por arroz, feijão, uma proteína, salada e um acompanhamento. Dessa forma, o prato feito foi escolhido na capital por 38%, no interior de São Paulo por 30% e na região metropolitana por 27% dos paulistas como o principal representante do estado.

O arroz birobiro ficou em segundo lugar, sendo a escolha de 11% dos respondentes. Em seguida, virado à paulista e feijoada empataram na terceira colocação, com 10% cada. Com relação à região, o virado à paulista é a 2ª opção mais popular entre os paulistanos, porém ficou em 3º lugar na região metropolitana e no interior. Já o vice-campeão no interior, o arroz birobiro ficou em 4º lugar nas outras regiões.


Fonte: NEXUS

Entre os outros pratos apontados pelos paulistas estão churrasco grego, que ficou em 4º lugar no interior e 5º na região metropolitana, com 7% dos votos, ocupa apenas a 10ª posição entre os moradores da capital. Já quem vive na cidade de São Paulo considera a pizza a 5ª maior representante do estado, escolha de 8% dos moradores. Na região metropolitana, 6%, e no interior, 5%, a pizza ocupa a 7ª posição.

A pesquisa

A Nexus entrevistou 2.027 cidadãos face-a-face, com idade a partir de 16 anos do estado de São Paulo. A pesquisa foi realizada entre os dias 09 e 12 de março de 2025.

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Política

TV 3.0: Ministério das Comunicações recebe primeiros protótipos de antena e de conversor

Aparelhos foram apresentados pela primeira vez no maior evento mundial do setor de radiodifusão

TV 3.0: Ministério das Comunicações recebe primeiros protótipos de antena e de conversor

O secretário de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações, Wilson Diniz Wellisch, participou, na manhã do último domingo (6), em Las Vegas (EUA), da apresentação dos primeiros protótipos da antena e do conversor da TV 3.0. A demonstração foi conduzida pelo coordenador do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), Raymundo Barros, durante um painel na NAB Show — o maior evento de radiodifusão do mundo.

Ele também abordou uma das principais dúvidas a respeito do tema: o custo desses equipamentos para o telespectador. “Muito se fala em preços elevados, que vai encarecer demais a experiência de ver TV, mas é bom que, aqui, possamos desmistificar tudo isso”, complementou o secretário.

O presidente do Fórum SBTVD, Raymundo Barros, explicou que os custos serão acessíveis e não prejudicarão a experiência do telespectador. “Não pode ser caro no longo prazo — e não vai ser. Os primeiros produtos podem, sim, ter um custo um pouco mais alto no início, mas depois os preços caem rápido com a grande escala. A tendência é que os preços despenquem em um ano”, disse Raymundo.

O Fórum SBTVD é uma organização sem fins lucrativos que trabalha para desenvolver a TV digital no Brasil. A entidade foi criada em 2006 por meio de decreto presidencial e reúne representantes de empresas e organizações ligadas à radiodifusão.

A exemplo do que ocorreu na migração do sinal de TV analógico para o digital, existe a necessidade inicial de um conversor para usufruir da TV 3.0. A expectativa é que, futuramente, novos televisores já venham de fábrica com suporte a essa nova tecnologia.

Wilson Wellisch afirmou que o governo estuda a possibilidade de entregar os equipamentos gratuitamente para famílias de baixa renda.

TV 3.0

A TV 3.0 é um novo padrão que promete revolucionar a TV aberta, integrando totalmente os canais à internet. Não haverá mais canais numéricos, mas apenas aplicativos nos aparelhos. A migração será gradativa, com início nas grandes capitais.

A navegação será mais interativa e inovadora, feita exclusivamente por aplicativos, substituindo o sistema tradicional por números. Isso permitirá que os canais ofereçam, além do conteúdo transmitido ao vivo, opções sob demanda — como séries, jogos ou programas diversos.

A qualidade da imagem irá, no mínimo, quadruplicar. O padrão atual, com TV digital em Full HD, passará para 4K ou até 8K. Haverá mais informações por espaço, o que aprimora cor, nitidez e contraste, com o uso de tecnologias como HDR (High Dynamic Range). Com som imersivo, o telespectador terá a sensação de estar dentro do ambiente exibido na tela.

Com informaçõe do MCom

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9 em cada 10 brasileiros contam com acesso à telefonia móvel

Dado é da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Levantamento revela ainda que a maioria da população com acesso à telefonia móvel reside em capitais e regiões metropolitanas.

9 em cada 10 brasileiros contam com acesso à telefonia móvel

Nove em cada 10 brasileiros possuem acesso à telefonia móvel, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O número reforça os avanços do Ministério das Comunicações na ampliação do acesso e na melhoria dos serviços de telefonia em todo o país.

Entre esses avanços promovidos, está a expansão da internet banda larga de qualidade, que tem incluído digitalmente milhões de brasileiros.

O secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Hermano Tercius, celebra o avanço conquistado pela Pasta e destaca o trabalho diário do Ministério para ampliar o acesso para mais regiões do país.

“É algo que a gente tem que comemorar, mas sabendo também que temos um grande desafio para frente. Esses 7% aí dos domicílios, das pessoas também, são um trabalho nosso do dia a dia. Nós trabalhamos todo dia para ampliar para todas as pessoas do país, para não deixar ninguém para trás. Então, ainda temos esse desafio do 7%. Agora, o principal desafio é evoluir nos outros indicadores da conectividade significativa, que é levar o letramento digital, que é garantir também a qualidade dessa conectividade em todas as regiões, também propiciar uma conectividade com dispositivos adequados para a população e também uma conectividade com segurança”, afirma.

Ainda de acordo com o levantamento, a maioria da população com acesso à telefonia móvel reside em capitais e regiões metropolitanas. Os dados indicam também que mais de 4,3 mil municípios brasileiros já possuem infraestrutura de fibra óptica — o que significa mais velocidade, estabilidade e eficiência energética para essas localidades.

Outro número importante para o setor é a chegada da tecnologia 5G a 1,3 mil municípios brasileiros. O avanço faz parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê a implantação do 5G nos 5,5 mil municípios do país. O Novo PAC também inclui a expansão da tecnologia 4G para 6,8 mil distritos, vilas e áreas rurais.
 

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