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Economia

Crédito para indústria de transformação tem queda de 40% em 12 anos, aponta CNI

Entre 2012 e 2024, a participação do setor industrial no total do crédito da economia brasileira caiu quase pela metade, ao passar de 27,2% para 13,7%

Crédito para indústria de transformação tem queda de 40% em 12 anos, aponta CNI

Entre 2012 e 2024, o volume de crédito destinado à indústria de transformação do Brasil sofreu uma queda de 40%. As indústrias extrativa e da construção também sentiram esse impacto e registraram diminuição de 38% e 29%, respectivamente. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (23) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e constam na Nota Econômica nº 38.

Por outro lado, houve um salto de 97% no volume de crédito para consumidores. Outros setores também registraram alta, como é o caso da Agropecuária, com salto de 38%; e Comércio, com elevação de 3%. O destaque é para Administração Pública que, no período analisado, teve alta no volume de crédito de 118%.

Volume de crédito: confira a situação por setor

  • Administração pública: +118%
  • Pessoas físicas: +97%
  • Serviços financeiros: +49%
  • Agropecuária: +38%
  • Eletricidade, gás, água e outras utilidades: +20%
  • Outros serviços: +20%
  • Transporte e armazenagem: +6%
  • Comércio: +3%
  • Total de pessoa jurídica: -4%
  • Indústria da Construção: -29%
  • Indústria Extrativa: -38%
  • Indústria de transformação: -40%

Pelo que revela o levantamento, a participação do setor industrial no total do crédito da economia brasileira caiu quase pela metade, ao passar de 27,2% para 13,7% em 12 anos.

O gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, considera que esse descompasso entre o maior estímulo ao consumo e o menor ao investimento provoca uma pressão sobre os preços, uma vez que a produção da indústria não consegue acompanhar a demanda.

“Essa redução do crédito para as empresas afeta o investimento, e a gente não está falando apenas de investimento em uma alta da produção, mas também em inovação e melhoria da produtividade, redução de custos. Isso tudo vai tirando a competitividade da indústria nacional, dificultando não só os espaços nas exportações, onde a competição costuma ser mais acirrada, mas no próprio mercado doméstico, na competição com importados”, pontua.

Redirecionamento da oferta de crédito

Para a CNI, a redução da oferta do crédito ao setor industrial não está relacionada à queda da disponibilidade total de crédito pelas instituições financeiras.

De acordo com o estudo, o volume de operações bancárias apresentou estabilidade nas participações de ativos. Com isso, foi constatado que a mudança ocorreu na destinação, uma vez que, nesse recorte, a fatia destinada às pessoas físicas aumentou de 45% para 63% do crédito total. Já a parcela destinada às empresas caiu de 55% para 37%.

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Essa alteração levou ao favorecimento do consumo das famílias, porém, provocou desvantagens para a produção. Quando observada a situação a médio e longo prazos, a redução desse volume para a indústria é ainda mais acentuada:

  • O crédito de curto prazo para a indústria caiu 33%;
  • O de médio prazo encolheu 55%;
  • O de longo prazo sofreu a maior queda: 64%.

Marcelo Azevedo acredita que, para o futuro, a continuidade dessa trajetória também afetará o crescimento econômico sustentável.

“É difícil manter um crescimento sustentável sem um investimento, não só para aumentar a capacidade produtiva, mas também para a inovação, para a competitividade. E, com isso, a indústria perde espaço, a economia brasileira perde espaço. Quando se tem essa diferença, muitas vezes você tem um crescimento forte em um momento por conta do consumo, mas acaba que ele não se sustenta na medida que não tem investimento”, destaca.

Pelos termos do levantamento, essa movimentação leva à análise de que a estrutura de financiamento está cada vez mais concentrada no curto prazo. Em 2012, 73% do total era destinado à indústria de transformação; em 2024, passou a 82%.

A CNI também considera que, com o financiamento destinado à produção das empresas em nível de estabilidade e o financiamento voltado às empresas industriais em queda, a dificuldade de acesso ao crédito dificulta o funcionamento diário das companhias. Além disso, há o comprometimento dessas empresas, que ficam sem condições de investimento no futuro.  

“Sem linhas adequadas de médio e longo prazos, a indústria tem dificuldade para ampliar sua capacidade produtiva, incorporar tecnologia e inovar. Já a dificuldade de acesso ao crédito de curto prazo fragiliza a situação financeira das empresas, trazendo dificuldades em honrar seus compromissos imediatos”, pontua a entidade.

Crédito destinado à indústria recua na última década

O estudo revela que, até 2014, o crédito à indústria era o mesmo de 2012. Com a crise registrada entre 2015 e 2016, houve uma redução no volume, impulsionado pelo encolhimento do setor e pela alta dos juros. Para se ter uma ideia, em 2015, a Taxa Selic chegou a 14,25%. Em 2017, o crédito já havia sido reduzido em 34% na comparação com 2012.

Na avaliação do presidente da CNI, Ricardo Alban, o cenário atual é preocupante, pois mostra que há um desequilíbrio estrutural na economia do país.

“O crédito para a indústria tem um efeito multiplicador ímpar sobre os demais setores produtivos e é fundamental para o crescimento consistente do país. O sistema financeiro tem priorizado o consumo em detrimento da produção, comprometendo investimento, inovação e competitividade”, afirma.  

Ainda segundo Alban, o quadro em relação aos juros torna a situação mais delicada. “Não bastasse isso, as taxas de juros elevadas e a escassez de crédito de longo prazo limitam a modernização do chão de fábrica e ampliam a dependência de importações. É urgente criar condições de financiamento mais adequadas para sustentar o crescimento produtivo do país”, considera.

Em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, houve uma alta no crédito de curto prazo para o setor industrial, sustentado por juros baixos, assim como pela necessidade de caixa imediato das empresas diante da paralisação das atividades. Após essa fase, o cenário de queda voltou.

A CNI entende que, além de afetar diretamente a indústria de transformação, a redução do crédito também provoca impacto em toda a economia do país. Como não há investimento adequado, a produção não avança no mesmo ritmo do consumo. Para a entidade, isso fragiliza a balança comercial, aumenta a dependência de importações e compromete o crescimento de longo prazo.
 

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Economia

Governo Federal estuda novo modelo para o Seguro Rural

Proposta apresentada pelo Mapa inclui seguro paramétrico e cobertura universal para enfrentar impactos das mudanças climáticas no campo

Governo Federal estuda novo modelo para o Seguro Rural

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, reuniu-se com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na terça-feira (11), em Brasília, para discutir mudanças no Programa de Seguro Rural. A proposta apresentada busca ampliar o acesso dos produtores e tornar o sistema mais eficiente diante dos efeitos das mudanças climáticas.

Segundo Fávaro, o atual sistema está defasado. “O seguro rural é uma ferramenta muito importante, mas que não cumpre mais a sua finalidade no Brasil. As apólices estão cada vez mais caras e as mudanças climáticas são uma realidade que não dá para contestar”, afirmou.

Principais pontos discutidos:

  • Implementação do seguro paramétrico, baseado em indicadores climáticos;
  • Criação de mecanismos para garantir cobertura universal aos agricultores.

A expectativa é reduzir os prejuízos causados por eventos extremos e minimizar a necessidade de renegociação de dívidas no setor. 

O novo modelo será encaminhado para avaliação em outras instâncias do governo, com o objetivo de estabelecer uma nova política de seguro agrícola no país.

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Economia

Café hoje: confira as cotações para esta quinta (13)

O milho apresenta valorização, enquanto os preços do açúcar e do café recuam

Café hoje: confira as cotações para esta quinta (13)

O preço do café arábica abre esta quinta (13) em baixa de 2,32%, com a saca de 60 kg negociada a R$ 2.241,18 na cidade de São Paulo.

INDICADOR DO CAFÉ ARÁBICA CEPEA/ESALQ

Data Valor R$ Var./Dia Var./Mês Valor US$
12/11/2025 2.241,18 -2,32% 1,57% 423,42
11/11/2025 2.294,47 0,14% 3,98% 435,38
10/11/2025 2.291,24 0,03% 3,84% 431,74
07/11/2025 2.290,64 1,81% 3,81% 429,12
06/11/2025 2.250,02 -2,42% 1,97% 420,72

O café robusta teve desvalorização de 2,17% no preço, sendo comercializado a R$ 1.350,22.

INDICADOR DO CAFÉ ROBUSTA CEPEA/ESALQ

Data Valor R$ Var./Dia Var./Mês Valor US$
12/11/2025 1.350,22 -2,17% -3,96% 255,10
11/11/2025 1.380,12 -0,99% -1,83% 261,88
10/11/2025 1.393,99 -1,10% -0,85% 262,67
07/11/2025 1.409,48 1,18% 0,25% 264,05
06/11/2025 1.392,99 -2,71% -0,92% 260,47

Açúcar

Já o preço do açúcar cristal apresenta reajuste nas principais praças do estado de São Paulo. Na capital, a saca de 50 kg aponta recuo de 1,44%, cotada a R$ 107,14.

INDICADOR DO AÇÚCAR CRISTAL BRANCO CEPEA/ESALQ – SÃO PAULO

Data Valor R$* Var./Dia Var./Mês Valor US$*
12/11/2025 107,14 -1,44% -5,73% 20,24
11/11/2025 108,71 0,81% -4,35% 20,63
10/11/2025 107,84 0,63% -5,11% 20,32
07/11/2025 107,16 -1,07% -5,71% 20,07
06/11/2025 108,32 -0,60% -4,69% 20,25

Em Santos (SP), a mercadoria é negociada a R$ 109,70, após queda de 1,20% na média de preços sem impostos.

INDICADOR AÇÚCAR CRISTAL – SANTOS (FOB)

Data Valor R$* Var./Dia Var./Mês Valor US$*
12/11/2025 109,70 1,20% 0,73% 20,74
11/11/2025 108,40 0,32% -0,46% 20,56
10/11/2025 108,05 0,01% -0,78% 20,32
07/11/2025 108,04 -0,30% -0,79% 20,17
06/11/2025 108,37 0,45% -0,49% 20,28

Milho

A saca de 60 kg do milho, por sua vez, é vendida a R$ 67,36, após levíssima alta de 0,03%.

INDICADOR DO MILHO ESALQ/BM&FBOVESPA

Data Valor R$* Var./Dia Var./Mês Valor US$*
12/11/2025 67,36 0,03% 1,83% 12,73
11/11/2025 67,34 0,04% 1,80% 12,78
10/11/2025 67,31 0,34% 1,75% 12,68
07/11/2025 67,08 0,34% 1,41% 12,57
06/11/2025 66,85 0,07% 1,06% 12,50

Os valores são do Cepea.

Diferença entre café arábica e café robusta: características, uso e regiões produtoras

Café arábica e café robusta são as duas principais variedades cultivadas e comercializadas no Brasil, ambas medidas em sacas de 60 kg.

  • O café arábica (conhecido também como café Conilon, em algumas regiões) tem sabor mais suave, menor teor de cafeína e alta qualidade sensorial, sendo preferido em cafeterias especializadas e nas exportações de cafés premium. Representa cerca de 70% da produção brasileira, com destaque para estados como Minas Gerais e São Paulo.
  • O café robusta, por sua vez, possui sabor mais amargo, maior concentração de cafeína e corpo mais intenso. É amplamente utilizado na produção de café solúvel e blends comerciais. Seus principais polos produtores são o Espírito Santo e Rondônia, e seu preço costuma ser mais baixo em comparação ao arábica, por conta do perfil mais industrial. 

Como é calculada a saca de açúcar cristal?

A saca de açúcar cristal no Brasil é padronizada em 50 quilos, especialmente para comercialização no mercado atacadista e para uso na indústria alimentícia. Essa unidade de medida é adotada pelo Cepea/Esalq-USP, principal fonte de cotações diárias do açúcar cristal no país.

Qual o peso da saca de milho no Brasil?

A saca de milho equivale a 60 kg de grãos, mesmo padrão utilizado para soja e trigo. Essa medida é oficializada por instituições como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Ministério da Agricultura (MAPA) e o Cepea, sendo amplamente usada em negociações e relatórios de preço do milho.

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Economia

Boi gordo hoje: confira as cotações para esta quinta-feira (13)

O preço do suíno vivo apresenta estabilidade em MG, RS e SC; Frango congelado e resfriado e carcaça suína especial apresentam reajuste no valor da mercadoria

Boi gordo hoje: confira as cotações para esta quinta-feira (13)

O preço do boi gordo registra leve baixa de 0,09% nesta quinta (13) e a arroba é negociada a R$ 321,85, no estado de São Paulo.

INDICADOR DO BOI GORDO CEPEA/ESALQ

Data Valor R$* Var./Dia Var./Mês Valor US$*
12/11/2025 321,85 -0,09% 0,94% 60,81
11/11/2025 322,15 -0,15% 1,03% 61,13
10/11/2025 322,65 -0,32% 1,19% 60,80
07/11/2025 323,70 0,00% 1,52% 60,53
06/11/2025 323,70 0,09% 1,52% 60,53

Preço do frango congelado e resfriado

Nos atacados da Grande São Paulo, São José do Rio Preto e Descalvado, os preços do frango congelado apresentaram alta de 0,12%, como também o frango resfriado, com recuo de 0,37%. A primeira mercadoria é vendida a R$ 8,05, enquanto a segunda é comercializada a R$ 8,04.

PREÇOS DO FRANGO CONGELADO CEPEA/ESALQ – ESTADO SP 

Data Valor R$ Var./Dia Var./Mês
12/11/2025 8,05 0,12% 0,50%
11/11/2025 8,04 0,00% 0,37%
10/11/2025 8,04 0,12% 0,37%
07/11/2025 8,03 0,00% 0,25%
06/11/2025 8,03 0,12% 0,25%

PREÇOS DO FRANGO RESFRIADO CEPEA/ESALQ – ESTADO SP

Data Valor R$ Var./Dia Var./Mês
12/11/2025 8,04 -0,37% -0,50%
11/11/2025 8,07 0,12% -0,12%
10/11/2025 8,06 -0,37% -0,25%
07/11/2025 8,09 0,12% 0,12%
06/11/2025 8,08 0,00% 0,00%

Preço da carcaça suína especial e suíno vivo

A carcaça suína especial aponta alta de 0,16% no preço, sendo negociada a R$ 12,66 por quilo nos atacados da Grande São Paulo. 

PREÇOS DA CARCAÇA SUÍNA ESPECIAL (R$/kg)

Data Média Var./Dia Var./Mês
12/11/2025 12,66 0,16% 2,18%
11/11/2025 12,64 1,53% 2,02%
10/11/2025 12,45 0,65% 0,48%
07/11/2025 12,37 0,00% -0,16%
06/11/2025 12,37 0,32% -0,16%

O preço do suíno vivo registra estabilidade em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Santa Catarina; nos estados do Paraná e São Paulo há uma desvalorização de 0,12% e 0,11%, respectivamente. As mercadorias variam entre R$ 8,26 e R$8,81.

INDICADOR DO SUÍNO VIVO CEPEA/ESALQ (R$/kg) 

Data Estado Valor R$* Var./Dia Var./Mês
12/11/2025 MG – posto 8,44 0,00% 2,55%
12/11/2025 PR – a retirar 8,41 -0,12% 0,72%
12/11/2025 RS – a retirar 8,37 0,00% 1,09%
12/11/2025 SC – a retirar 8,26 0,00% 0,12%
12/11/2025 SP – posto 8,81 -0,11% 0,46%

Os valores são do Cepea.

O que é o boi gordo? Entenda o termo do mercado bovino

O boi gordo é o bovino macho pronto para o abate, com peso mínimo de 16 arrobas líquidas de carcaça (aproximadamente 240 kg) e até 42 meses de idade. Atende aos padrões do mercado nacional e internacional, incluindo exportações para Europa, China e cota Hilton.

Diferenças entre frango congelado e frango resfriado

O frango congelado passa por congelamento rápido, com temperaturas abaixo de -12°C, garantindo maior vida útil para armazenamento e transporte a longas distâncias. Já o frango resfriado é mantido entre 0°C e 4°C, com validade de 5 a 7 dias, oferecendo textura e sabor mais próximos do fresco, ideal para consumidores exigentes e restaurantes.

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