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Desoneração da folha: governo e prefeituras têm semana decisiva para buscar acordo sobre contribuição previdenciária

Entidades municipalistas defendem alíquota de 14% para todas as prefeituras, mas Ministério da Fazenda não abre mão de medida de arrecadação compensatória

Desoneração da folha: governo e prefeituras têm semana decisiva para buscar acordo sobre contribuição previdenciária

Em reunião na segunda-feira (13), os municípios e o governo federal não chegaram a um acordo sobre a continuidade da desoneração da folha de pagamento das prefeituras. Enquanto entidades municipalistas, como a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP) alegam que os os cofres locais não terão condições de arcar com os custos da reoneração da folha, o Ministério da Fazenda reluta a ceder sem que alguma fonte de arrecadação compensatória o agrade.

No início deste ano, entrou em vigor uma lei que reduziu de 20% para 8% a alíquota previdenciária incidente sobre a folha de pagamento dos municípios de até 156,2 mil habitantes, mas a pedido do governo o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a desoneração no dia 25 de abril. Isso significa que já a partir deste mês todas as prefeituras vão ter que arcar com a alíquota padrão.

Após a decisão de Zanin, a CNM conseguiu o apoio de senadores para propor uma emenda à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66/2023 — que trata da renegociação de dívidas previdenciárias das prefeituras e do pagamento de precatórios — sugerindo uma alíquota de 14% para todos os municípios do país, sejam eles de pequeno, médio ou grande porte. A proposta ainda não conta com a simpatia do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que condiciona o apoio à aprovação de medidas compensatórias de arrecadação ao governo.

O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, afirmou que há consenso entre municípios e o governo em torno de quatro dos cinco pontos propostos pelas entidades para aliviar as contas locais.

São eles a renegociação das dívidas previdenciárias das cidades; limitação do pagamento de precatórios; equiparação das regras de benefícios dos regimes de previdência municipais às da União; e equacionamento do déficit atuarial dos regimes de previdência das prefeituras. O impasse sobre a desoneração é a exceção.

“Esse é o único ponto que não ficou acertado. Vamos continuar reuniões essa semana para acertar esse ponto, porque os municípios ficaram três meses sem pagar. E, agora, vence a parcela do mês de abril, que tem que ser paga dia 20 de maio — e isso vai impactar muito nas prefeituras”, disse.

Mais tarde, Ziulkoski e o presidente da FNP, Edvaldo Nogueira, participaram de uma sessão no Senado que debateu a situação fiscal dos municípios. Nogueira afirmou que o rombo no caixa das prefeituras é consequência de uma “federação invertida”, em que a maior parte dos serviços são prestados pelas prefeituras, enquanto os recursos se concentram na União e nos estados.

Ele pediu que o impasse sobre a desoneração das prefeituras seja solucionado o quanto antes. “É muito difícil para um prefeito, no último ano do seu mandato, seja para quem vai para a reeleição, seja para quem não vai para a reeleição…Não tem receita, não tem planejamento que consigam superar esse fato. Por isso que eu acho também que nós temos que enfrentar esse tema”, discursou.

Embate

O modelo de desoneração que estava em vigor até a decisão do ministro Zanin impactava em R$ 9 bilhões a arrecadação da União, de acordo com o Ministério da Fazenda. Esse é o principal argumento do governo para se opor à continuidade do mecanismo sem que haja uma fonte de arrecadação substituta.

“Na cabeça do governo federal, ele não pode trabalhar com um cenário com redução de receita. Estão tributando subvenção, offshore, tantas coisas para aumentar a receita. Não está no projeto do governo nenhuma redução, só aumento”, avalia Bianca Xavier, professora da FGV Direito Rio.

A troca do teto de gastos — que limitava o crescimento das despesas à inflação — pelo arcabouço fiscal, que condiciona o aumento das despesas ao aumento das receitas, explica o posicionamento do governo federal, completa.

“O governo conseguiu aprovar uma modificação na forma de gastar dinheiro público e isso requer que ele arrecade. Há um crescente aumento de tributos para que ele possa gastar mais dinheiro. Por isso que entra essa discussão da desoneração, porque no momento em que o município não paga 20% sobre a folha, fora os milhões de reais que os municípios estão devendo, isso prejudica as contas.”

As entidades municipalistas alegam que, no regime anterior, em que todas contribuíam com 20%, várias prefeituras acabavam não recolhendo por falta de dinheiro e que, com a desoneração, parte delas voltou a pagar. Esse movimento, projeta a CNM, seria ainda maior caso a desoneração alcance as cidades com mais de 156,2 mil habitantes.

“Pedimos para o ministro [Alexandre] Padilha — e ele vai nos fornecer — um dado do que entrou da previdência das prefeituras da folha no primeiro trimestre do ano passado, quando a alíquota era 20%, e quanto entrou agora com 8%. Seguramente, houve quase igual [arrecadação], porque com 20% ninguém estava pagando, com 8% todos estão pagando. Não há baque na questão fiscal”, disse Ziulkoski.

Na emenda proposta à PEC 66/2023, a CNM listou algumas medidas de compensação à União para bancar a desoneração a todos os municípios. Entre elas está a revisão de programas de benefícios por incapacidade, a isenção do imposto de renda para aposentados com moléstia grave ou invalidez e a realização de avaliação para isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para pessoas com deficiência.

Embora ainda não tenham chegado a um meio termo, governo e municípios terão mais negociações esta semana. O ministro Haddad vai apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma proposta da Fazenda para a desoneração. Segundo o presidente da CNM, até o fim da semana pode haver uma resposta definitiva para o assunto.

Fonte: Brasil61

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Desastres naturais causam R$ 32 bi em prejuízos em 2024

Nos últimos dez anos, foram R$ 639 bilhões de prejuízos, sem contar com as enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul, aponta CNM

Desastres naturais causam R$ 32 bi em prejuízos em 2024

Os desastres decorrentes de ocorrências com chuvas — ciclones, tempestades, enchentes, inundações, vendavais, alagamentos e deslizamentos de terra — colocam o país em estado de alerta. Só nos primeiros meses do ano, o Brasil teve mais de R$ 32 bilhões em prejuízos causados por desastres naturais. Os dados foram apresentados pelo presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, durante coletiva de imprensa para apresentar a XXV Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios.

O presidente da CNM disse que os impactos econômicos e sociais podem ser menores com políticas de gestão urbana e prevenção do risco de desastres. Ele cita uma pesquisa da própria CNM que comprova isso.

“2474 municípios não receberam recursos nem da União nem dos estados para auxiliar em ações de prevenção de eventos climáticos extremos, seca, inundações, alagamentos, deslizamentos, encosta, entre outros. Até incêndios também. Então isso aqui é uma resposta efetiva lá na ponta”, lamenta.

Com o tema “Pacto Federativo: um olhar para a população desprotegida”, o encontro destacou as dificuldades enfrentadas pelos municípios e a necessidade de conseguir mais apoio para cumprir com os compromissos.

Dados da CNM revelam que, nos últimos dez anos, os desastres causaram R$ 639 bilhões de prejuízos, sem contar com as enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul. O estudo aponta que todos os municípios do Brasil tiveram eventos da natureza nos últimos meses. Foram mais de 64 mil decretos de emergência ou calamidade e 418 milhões de pessoas afetadas, sendo 2.667 mortes, 925 milhões de desabrigados e 4,1 milhões de desalojados.

“Foram R$ 81 bilhões de prejuízo aos cofres públicos e o governo só autorizou o repasse de R$ 9 bilhões”, denunciou o presidente da CNM.

O advogado especialista em direito previdenciário André Luiz Moro Bittencourt ressalta que, além disso, o país pode ter impacto também no sistema de contribuição social,causado por problemas decorrentes de um desastre natural.

“Uma série de pessoas vão fechar seus estabelecimentos. Não tem como reconstruir todo aquele pátio fabril ou outras situações que o seu comércio necessita. Vai ter que pensar agora em como pagar suas contas, em como fazer os encerramentos dos contratos de trabalho.Então isso vai gerar um problema econômico e vai gerar uma situação desfavorável para as contas da previdência”, lembra.

“Quanto menos empregos a gente tem, menos contribuições sociais são vertidas, menos dinheiro entra. O equilíbrio e o avanço da economia ele está intimamente ligado com o avanço das contas da Previdência Social”, reforça o advogado.

Marcha dos prefeitos

Entre os dias 20 e 23 de maio, representantes dos governos municipais de todo o país se encontraram em Brasília para mais uma edição da Marcha dos Prefeitos. A 25⁰ edição aborda o tema “Pacto Federativo: um olhar para a população desprotegida”. Organizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), o evento reuniu prefeitos de todo o país, para discutir e reivindicar melhorias nas políticas públicas e na distribuição de recursos federais.

Fonte: Brasil61

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Confiança do consumidor: calamidade no RS influencia queda em maio

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), divulgado pelo FGV Ibre, apontou queda de 4,0 pontos no mês de maio, chegando a 89,2 pontos, após duas subidas consecutivas.

Confiança do consumidor: calamidade no RS influencia queda em maio

Dados divulgados pela FGV IBRE, nesta sexta-feira (24), revelam que o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) apresentou queda de 4,0 pontos, fechando o mês de maio em 89,2 pontos. O resultado veio após duas altas seguidas.

Em maio, a tendência de queda foi pressionada pelas expectativas em relação aos próximos meses, enquanto nas avaliações sobre o momento atual ocorreu estabilidade. De acordo com o levantamento, o Índice de Expectativas teve redução de 6,7 pontos, para 95,5 pontos. Trata-se do menor nível desde dezembro de 2022, quando o patamar estava em 94,6 pontos. Por outro lado, o Índice da Situação Atual ficou estagnado, em 80,6 pontos.

Segundo Anna Carolina Gouveia, economista e pesquisadora do FGV IBRE, a forte queda do índice foi a maior desde setembro de 2021, quando houve um recuo de mais de 6,0 pontos.

“As expectativas vinham gerando em torno da neutralidade, ou seja, os consumidores já não estão nem tão pessimistas, nem tão otimistas — e agora com o forte recuo das expectativas esse indicador passou para um patamar de pessimismo moderado. Esse resultado está muito atrelado aos acontecimentos no Sul, que levam ao aumento da incerteza quanto à economia local e à economia como um todo”, explica Gouveia.

Para Renan Gomes de Pieri, economista da FGV-SP, resta saber se esse efeito ficará restrito a maio deste ano ou se permanecerá pelo restante do ano.

“É natural que a percepção do consumidor sobre economia possa variar, de mês a mês, por fatores pontuais relacionados àquele mês. Muitas vezes um mês em que as vendas do varejo foram melhores pode tornar os empreendedores mais otimistas, um mês que gera mais empregos pode tornar as pessoas mais favoráveis à economia. E especificamente no mês de maio a percepção do consumidor está atrelada à economia futura, com os consumidores esperando um cenário um pouco menos favorável do que anteriormente”, aponta.

Entre os quesitos que compõem o ICC, o que mede o ímpeto de compras de bens duráveis foi o que mais contribuiu para o recuo da confiança no mês, ao cair 8,3 pontos, para 78,8 pontos. Já a estabilidade nas avaliações sobre o momento foi notada na percepção acerca da economia local, onde o indicador ficou em 92,3 pontos, após duas altas seguidas.

Fonte: Brasil61

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IBRAM vai lançar versão atualizada de Inventário de GEEs do setor

O inventário permite identificar os impactos das atividades operacionais, além de estabelecer estratégias, planos e metas para a redução das emissões de GEE

IBRAM vai lançar versão atualizada de Inventário de GEEs do setor

O Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) lança no próximo dia 28 de maio, a partir das 10h, a nova edição do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) do setor mineral 2024 – Ano base 2022, no SHIS QI 12 conjunto zero casa 4 – Brasília (DF). O documentário é considerado crucial para que as organizações contribuam efetivamente para o combate às mudanças climáticas. O inventário permite identificar os impactos das atividades operacionais, além de estabelecer estratégias, planos e metas para a redução das emissões de GEE. Esta publicação orientará ações futuras, promovendo estratégias de desenvolvimento de baixo carbono.

O primeiro inventário lançado pelo IBRAM sobre GEE ocorreu em 2009, seguido de uma edição atualização em 2012. O inventário desse ano conta com a parceria da Way Carbon e traz aperfeiçoamentos na metodologia e destaca o maior envolvimento das mineradoras associadas e demais do setor. A mineração brasileira abraçou a causa da transição energética e tem intensificado sua atuação em sintonia com este objetivo. “O Inventário de GEE de 2024 será um avanço para o setor definir as melhores estratégias para ações futuras de descarbonização de suas atividades”, diz o diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann.

Para Jungmann, a mineração tem papel fundamental na busca por soluções sustentáveis, de modo a contribuir decisivamente para o desenvolvimento da economia verde. As mineradoras associadas ao IBRAM já realizam há anos programas voltados à mitigação dos GEE, de ampliação de uso deenergia limpa, entre outras iniciativas. Este movimento setorial está entre os compromissos da Agenda ESG da Mineração do Brasil, que o Instituto e seus associados desenvolvem nos últimos anos. As inscrições para acompanhar o lançamento do inventário de GEE do IBRAM podem ser feitas pelo https://ibram-eventos.com.br/enrollment/F/lancamento-inventario-setorial-gee-na-mineracao/71.

Fonte: Brasil61

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