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Você sabe o que tem na carne que compra? Água, aditivos e a importância de ler o rótulo

Produtos com aparência mais suculenta podem conter até 15% de líquidos adicionados. Prática é legal, mas precisa estar bem explicada

Você sabe o que tem na carne que compra? Água, aditivos e a importância de ler o rótulo

Maciez e suculência são características valorizadas na hora de comprar carne. No entanto, os consumidores devem ficar atentos aos rótulos desses produtos, já que, para que cortes — que não sejam in natura — garantam essas qualidades, é comum o uso de substâncias adicionais, como a água, que devem constar na embalagem.

A adição de soluções compostas por água, ou por água e sal, é permitida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e tem como finalidade conservar a carne, realçar o sabor e amaciar o corte.

O Mapa possui diversos regulamentos técnicos para controlar a adição de líquidos e outras substâncias em carnes. O Manual de procedimentos de inspeção e fiscalização de carnes e produtos cárneos estabelece que o uso de soluções para amaciar a carne é permitido mediante análise e aprovação da técnica pela Divisão de Registro de Produtos (DIREP).

O documento prevê que a empresa deve registrar todos os métodos de amaciamento da carne utilizados no frigorífico — sejam mecânicos, com ou sem adição de solução — e apresentar justificativas e comprovação de que a solução adicionada cumpre a finalidade proposta.

No processo mecânico, ocorre a quebra das fibras musculares da carne com o uso de pequenas facas, lâminas ou agulhas. A injeção de água nas peças faz parte do processo de amaciamento e conservação do alimento. A técnica pode resultar em cortes mais macios e suculentos.

Segundo regulamentação do Mapa de 2018, as carnes temperadas comercializadas podem conter aditivos – como água, monossacarídeos e dissacarídeos, vinho, proteína de origem vegetal, entre outros ingredientes opcionais –, mas é preciso que a informação conste no rótulo do produto.

Percentual de água deve ser mínimo

O manual do Mapa determina que a quantidade de água utilizada deve ser limitada ao mínimo necessário para atingir a finalidade proposta. A empresa, inclusive, deve comprovar esse fato com base científica.

A especialista em processamento e reformulação de produtos cárneos, e professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marise Pollonio, explica que o Ministério da Agricultura não estabelece um percentual fixo de água permitido para as carnes. No entanto, é obrigatório informar na embalagem o percentual de água injetada. Além disso, cada categoria de produto possui limites e padrões de qualidade específicos.

“A empresa, o fabricante, pode adicionar 15% de água e declarar isso no rótulo”, informa.

Segundo a especialista, a indústria deve manter o equilíbrio entre proteína e umidade no produto cárneo processado.

“Não existe uma normativa para definir o teor de umidade em cortes de carnes temperados. O que acontece é que deve existir um equilíbrio entre a proteína e o teor de umidade. E é esse o princípio utilizado para estabelecer os padrões de identidade e qualidade de produtos processados. Presunto, almôndega, mortadela, hambúrguer. Então, ou seja, eles têm um teor mínimo de proteína. E, se esse teor de proteína for inferior ao estabelecido, a empresa é autuada”, destaca.

Rotulagem e fiscalização: atenção para evitar fraudes na indústria e não confundir consumidores

De acordo com o manual do Mapa, quando a carne for amaciada mecanicamente e houver adição de solução, o rótulo deve informar o percentual específico da solução adicionada ao produto.Por exemplo: “Adicionado de 3% de solução de água e aditivos”.

A especialista Marise Pollonio reforça a importância dos fornecedores seguirem a regulamentação.

“Quando tem 15% de injeção numa picanha, isso foi uma polêmica, tem que estar declarado; agora, estar declarado numa letra muito pequena, consumidor distraído, ele não percebe, isso é um outro viés. Mas a empresa, o fabricante declara, o frigorífico declara. Se ele não declarar, é fraude e aí ele vai ser autuado”, ressalta.

O farmacêutico Marcus Roberto Pereira, 36 anos, morador de Ceilândia (DF), destaca a importância das empresas especificarem nos rótulos, de maneira clara, se o produto contém aditivos.

“Como é permitido fazer isso, eu acho que essa informação tem que vir muito bem clara na embalagem. Geralmente eu leio as embalagens dos produtos que eu estou comprando pela primeira vez. Se é a primeira vez que eu compro o produto, leio todas as informações dele para saber as vitaminas e informações gerais”, diz o farmacêutico.

O analista da garantia de qualidade, Pedro Felício, 26 anos, morador deJi- Paraná (RO), defende a adição de água em carnes, desde que a prática seja informada ao consumidor no rótulo.

“Acredito que não seja uma questão problemática a utilização de água como aditivo na carne, desde que seja expressado de forma clara para o consumidor essa informação, como também os ingredientes utilizados na composição do produto.”

A especialista do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Tamara Andrade, explica que caso a água esteja em percentual maior que 3% na composição do produto, o fato deve ser indicado na lista de ingredientes e o percentual de água no rótulo

“O consumidor tem o direito de saber a qualidade do produto e a origem do produto que ele está consumindo. Então, o Ministério da Agricultura Pecuária tem o dever de assegurar essa rastreabilidade, saber e nos informar toda a cadeia de produção da carne. E o Procon também pode ser acionado quando esse direito à informação não se fizer presente, quando essa informação obrigatória não constar no rótulo”, expõe Tamara Andrade.

Segundo a especialista do Idec, o Mapa é responsável pela fiscalização da adição de água nesses produtos.

“Essa fiscalização pode e deve ser feita em diversas etapas, sem avaliação dos documentos enviados pela indústria, avaliação in loco. Falta de estrutura do plano de controle e de recursos para a fiscalização faz com que eventualmente sejam identificadas situações irregulares”, salienta Andrade.

Impactos para o consumidor

Em relação aos impactos nutricionais do consumo de carnes modificadas com aditivos, Tamara Andrade pontua que os alimentos in natura, ou seja, no estado mais próximo ao encontrado na natureza,  devem ser preferidos na alimentação, conforme o Guia Alimentar para População Brasileira recomenda. 

“À medida que são adicionados novos aditivos, novos compostos, novos ingredientes e mais etapas de processamento, essa carne vai perdendo a característica dela de ser in natura ou minimamente processada e deixando de ser a nossa escolha ideal de alimentação”, frisa Andrade.

Do ponto de vista financeiro, o farmacêutico Marcus Roberto relata que caso comprasse um produto com água adicionada se sentiria afetado, por estar pagando por algo além do pretendido.

“Se for um produto que eu já compro e eles mudam alguma coisa na composição dele e é uma mudança como colocar 15% a mais de algum produto que não é o produto que eu estou comprando [ e não indicarem no rótulo], com certeza vou me sentir lesado”, menciona.

A especialista Marise Pollonio aponta, ainda, que a estratégia de adição de água pela indústria – permitida pelo Mapa – também pode afetar a saúde pública, quando a prática não seguir critérios éticos e não atender aos padrões regulatórios. 

“Uma salmoura realizada com uma água que não é tratada, que não tem uma boa qualidade, ou os sistemas de injeção que não são higienizados adequadamente, evidente que isso pode comprometer a saúde pública através da transmissão de algumas doenças de origem alimentar. Mas esses riscos sempre estão associados às indústrias que não são avaliadas, não são fiscalizadas pelo nosso sistema regulatório”, pontua.

Ela ressalta que a prática em si, sendo fiscalizada pelos órgãos competentes, não traz risco à saúde. “É preciso deixar muito claro que nas indústrias inspecionadas que estão inseridas no cenário regulatório e são sujeitas à fiscalização pela organização, pelo Ministério da Agricultura, a tecnologia da injeção não traz nenhum risco à saúde pública.”

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Porto Alegre: Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo recebe visita de equipe do MinC

Ministério da Cultura visita Quilombo do Sopapo, em Porto Alegre, e destaca papel dos agentes culturais na valorização da diversidade e das expressões locais

Porto Alegre: Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo recebe visita de equipe do MinC

O Ministro da Cultura vem promovendo uma série de encontros por todo Brasil para conversar com agentes culturais ou grupos que trabalham na criação, produção, promoção e divulgação de manifestações culturais.

Atuando como mediadores entre a população e as expressões culturais, os agentes articulam e promovem ações que valorizem a cultura local. Esse trabalho é fundamental no desenvolvimento cultural de uma sociedade e é reconhecido pelo MinC.

Nesta semana, representantes do ministério estiveram no ponto de cultura Quilombo do Sopapo, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A simbologia do local escolhido para o bate-papo foi ressaltada pelo secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares.

“Este lugar é muito importante para a cultura negra, para a formação da rede de pontos de cultura, um espaço de acolhimento de articulação e fortalecimento das políticas culturais”.

Um agente pode ser artista, produtor, gestor cultural, ou qualquer pessoa que de alguma forma contribua para a vida cultural de uma comunidade. Eles atuam como um canal de diálogo entre o governo federal e a sociedade civil.

No encontro, o secretário destacou como os agentes culturais são peças-chave ao cumprirem com o desenvolvimento cultural de uma sociedade.

“A cultura é a valorização da diversidade, é a valorização da diferença, é a construção do respeito e na construção do respeito à construção de linguagem, de estética, de símbolo.”

O objetivo do Ministério da Cultura é justamente nacionalizar as políticas culturais e seguir atuando em diversas frentes para garantir que a cultura seja acessível. 

Márcio Tavares explica que a valorização dos fazedores e gestores passa pela defesa da cultura, da democracia e das expressões dos territórios.

Esta é uma realização do Ministério da Cultura (MinC). Para mais informações, acesse: www.gov.br/cultura
 

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Ministra da Cultura, Margareth Menezes, faz discurso em evento na sede da UNESCO, em Paris

Ministra da Cultura participa de compromissos na sede da UNESCO, em Paris

Ministra da Cultura, Margareth Menezes, faz  discurso em evento na sede da UNESCO, em Paris

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, participou de compromissos na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Paris, na França.

A titular do Ministério da Cultura discursou na abertura da 10ª Conferência das Partes da Convenção 2005. O evento reúne os 186 países signatários da Convenção e a União Europeia para avaliar o progresso alcançado na sua implementação e traçar ações futuras.

Margareth Menezes destacou a importância da Convenção na garantia do acesso e valorização da cultura em todas as suas dimensões: “Ao longo de seus 20 anos, a Convenção já provocou transformações profundas no campo cultural, tanto em nível local quanto internacional. Esse avanço extraordinário confirma um dos principais objetivos da Convenção: despertar, em escala global, a consciência sobre a importância de proteger a diversidade cultural com um bem comum da humanidade e meio de promoção do desenvolvimento sustentável”.

No discurso, a ministra ressaltou ainda como a Convenção tem orientado o Brasil na construção de políticas culturais inclusivas, democráticas e voltadas à diversidade: “Nossas políticas culturais impactam milhões de brasileiros e brasileiras, democratizando o acesso, valorizando a pluralidade, e fortalecendo as redes comunitárias em todas as regiões”.

A ministra da Cultura do Brasil também esteve na quinta edição do Fórum das Organizações da Sociedade Civil interessadas na implementação da Convenção UNESCO de 2005.

O evento discute a proteção e promoção da diversidade das expressões culturais. Para a ministra, o papel da sociedade no fórum é muito importante: “As vozes de todas as pessoas da diversidade humana precisam cada vez mais ser ouvidas, e isso fortalece a implementação dessa convenção que é tão importante. Após 20 anos, podemos dizer que a convenção é um instrumento vivo e que precisa estar aberta às mudanças do tempo”.

As celebrações pelos 20 anos da Convenção sobre a Diversidade das Expressões Culturais reforça o protagonismo da cultura feita no Brasil no cenário internacional. Todos têm direito à cultura, defende a ministra Margareth Menezes.

“O acesso à cultura em todas as suas dimensões deve ser ampliado, criando condições para que todas as pessoas tenham acesso e participem ativamente da vida cultural e de suas comunidades”.

Esta é uma realização do Ministério da Cultura. Para mais informações, acesse: www.gov.br/cultura

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No dia do Cinema Brasileiro, MinC alerta para necessidade de aprovação da Lei do Streaming

MinC quer aprovar ainda este ano a Lei do Streaming, que pretende regular os serviços de vídeo sob demanda oferecidos por plataformas como Netflix e Amazon Prime

No dia do Cinema Brasileiro, MinC alerta para necessidade de aprovação da Lei do Streaming

O Ministério da Cultura trabalha para aprovar ainda em 2025 a Lei do Streaming, que pretende regular os serviços de vídeo sob demanda oferecidos por plataformas como Netflix e Amazon Prime.

Para o Minc, a aprovação da lei é fundamental para impulsionar o audiovisual do Brasil e dar ainda mais destaque para o cinema nacional. E entre as principais vantagens da regulamentação, estão o fortalecimento da produção independente e a garantia da soberania cultural. Ou seja, o direito do Brasil de desenvolver e promover sua própria cultura, sem interferências externas que possam ameaçar a identidade e a diversidade cultural dos brasileiros.

Novas oportunidades para os criadores de todo o país também são defendidas pela ministra da Cultura, Margareth Menezes: “Essa nova geração que tá aí encontra dentro do audiovisual, um ambiente de geração de emprego e renda, enfim, é tudo. O audiovisual hoje é realmente um setor de aderência das novas gerações”.

O Ministério da Cultura defende as propostas presentes no projeto substitutivo apresentado pela deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), no que se refere aos pontos estruturantes apoiados pelo MinC para a regulação.

Os pontos estruturantes são: cota de 10% de conteúdo brasileiro nos catálogos; alíquota de Condecine de 6% do faturamento bruto anual, sem qualquer dedução e investimento direto em pré-licenciamento, e licenciamento exclusivamente de produção brasileira independente.

O MinC trabalha o tema num esforço conjunto entre governo, líderes e parlamentares, além do constante diálogo com representantes do setor e da sociedade civil.

O período atual é muito bom para o cinema brasileiro e é importante a regulamentação da lei acontecer, reforça a secretária do audiovisual do MinC, Joelma Gonzaga: “O debate tá muito rico, tá muito maduro e muito organizado. Então, assim, eu acho que a gente tá no melhor momento mesmo para regulamentar”.

No dia 19 de junho é celebrado o Dia do Cinema Brasileiro. A secretária lembra a data para reforçar que a aprovação da Lei do Streaming é crucial para impulsionar, ainda mais, a indústria cinematográfica e é uma prioridade do MinC.

Esta é uma realização do Ministério da Cultura. Para mais informações, acesse: www.gov.br/cultura/

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