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Reforma tributária: projeto pode mudar cálculo do ITBI e elevar imposto sobre venda de imóveis

Especialista alerta para risco de aumento da carga tributária e judicialização, com proposta que autoriza prefeituras a estimarem o valor venal dos bens

Reforma tributária: projeto pode mudar cálculo do ITBI e elevar imposto sobre venda de imóveis

Está em análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado o Projeto de Lei Complementar da Câmara (PLP 108/2024), que permite a cobrança do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) com base em estimativa da prefeitura sobre o valor do imóvel. A medida seria aplicada em vez de considerar o valor da compra informado pelo contribuinte. Em audiência pública do colegiado, diversos especialistas criticaram o projeto.

A proposta dá continuidade à reforma tributária e é relatada pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM). Pelo projeto, a prefeitura deverá considerar critérios como a análise de preços praticados no mercado imobiliário e informações prestadas pelos cartórios para chegar ao valor venal — ou seja, o valor pelo qual o imóvel seria negociado à vista, em condições normais de mercado.

Na avaliação dos especialistas presentes ao debate no Senado, o dispositivo pode elevar a carga tributária e aumentar a judicialização.

Consequências: alta do ITBI e da judicialização 

O especialista em direito tributário e presidente do Comitê de Transação Tributária da Associação Brasileira da Advocacia Tributária (ABAT), Eduardo Natal, ouvido pelo Brasil 61, explica que a medida contraria decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Tema 1.113. O tribunal reconheceu que a base de cálculo do ITBI deve ser o valor declarado na transação, salvo em casos de fraude, subfaturamento ou simulação.

Na avaliação dele, permitir que os municípios adotem valores estimados para os imóveis rompe com a orientação do STJ. Além disso, o especialista afirma que a proposta “representa um retrocesso jurídico relevante” e cria um ambiente propício à “elevação artificial da base de cálculo”.

Do ponto de vista econômico, Natal afirma que, caso os municípios passem a adotar valores superiores aos praticados no mercado, é possível que o ITBI suba substancialmente.

“O que nós temos é que, além do possível aumento de base de cálculo, que é um aumento direto de carga tributária, nós vamos ter também um aumento indireto, porque o contribuinte que não concordar com a base de cálculo, o valor venal que vai ser unilateralmente fixado pela prefeitura, e quiser contestar esse valor, ele vai ter que contratar um perito, submeter um laudo à análise dentro de um processo administrativo”, pontua Eduardo Natal.

“Se esse processo administrativo não trouxer um resultado favorável ao contribuinte, ele pode acabar judicializando. Enfim, isso realmente vai ter um custo alto em relação à carga tributária”, completa.

Eduardo Natal destaca que é bastante provável o aumento no número de pessoas recorrendo ao Judiciário para contestar os valores estipulados pelos municípios. Segundo o especialista, a experiência com tributos como ISS, IPTU e ICMS-ST já demonstrou que adotar valores arbitrados apenas por uma das partes — neste caso, o Estado — gera um elevado número de contestações.

Natal pontua que a discussão do tema já passou pelo STF e STJ e, agora, segue no Congresso. “A nova legislação proposta nos termos em que está não resolverá o problema. Isso, com certeza, só vai aumentar o contencioso em relação a esse tributo”, diz.

Reflexos para compradores de imóveis em áreas urbanas

De acordo com o especialista em direito tributário, a medida pode gerar efeitos financeiros e jurídicos negativos para compradores em áreas urbanas, principalmente dos grandes centros.

Entre as dificuldades enfrentadas pelos compradores está o aumento do valor do ITBI, que poderá ser calculado com base em estimativas inflacionadas. “Porque a base de cálculo provavelmente nos grandes municípios deverá, como de praxe já é, ser bastante super avaliada, o que vai causar, então, uma grande discussão, vai gerar um contencioso por parte dos contribuintes que não eventualmente concordarem com essa majoração”, frisa Natal.

Além disso, os interessados em adquirir um imóvel poderão enfrentar dificuldades para lavrar a escritura se o valor arbitrado pela prefeitura for contestado. “Se ficar pendente o recolhimento do ITBI em função de alguma discussão sobre a base de cálculo e o momento da cobrança do tributo, não se lavra a escritura.”

Outro efeito será a necessidade de gastos adicionais com laudos e processos administrativos ou judiciais – caso sejam necessários.

Eduardo Natal avalia, ainda, que a proposta não deveria integrar dispositivos da reforma tributária. “É realmente inadequado esse projeto nessa parte, realmente não há uma adequação, não deveria ser objeto dessa reforma, que é uma reforma do consumo, em que se inseriu inadvertidamente um tributo sobre o patrimônio.”

O texto segue em análise na CCJ.

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Porto Alegre: Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo recebe visita de equipe do MinC

Ministério da Cultura visita Quilombo do Sopapo, em Porto Alegre, e destaca papel dos agentes culturais na valorização da diversidade e das expressões locais

Porto Alegre: Ponto de Cultura Quilombo do Sopapo recebe visita de equipe do MinC

O Ministro da Cultura vem promovendo uma série de encontros por todo Brasil para conversar com agentes culturais ou grupos que trabalham na criação, produção, promoção e divulgação de manifestações culturais.

Atuando como mediadores entre a população e as expressões culturais, os agentes articulam e promovem ações que valorizem a cultura local. Esse trabalho é fundamental no desenvolvimento cultural de uma sociedade e é reconhecido pelo MinC.

Nesta semana, representantes do ministério estiveram no ponto de cultura Quilombo do Sopapo, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A simbologia do local escolhido para o bate-papo foi ressaltada pelo secretário-executivo do MinC, Márcio Tavares.

“Este lugar é muito importante para a cultura negra, para a formação da rede de pontos de cultura, um espaço de acolhimento de articulação e fortalecimento das políticas culturais”.

Um agente pode ser artista, produtor, gestor cultural, ou qualquer pessoa que de alguma forma contribua para a vida cultural de uma comunidade. Eles atuam como um canal de diálogo entre o governo federal e a sociedade civil.

No encontro, o secretário destacou como os agentes culturais são peças-chave ao cumprirem com o desenvolvimento cultural de uma sociedade.

“A cultura é a valorização da diversidade, é a valorização da diferença, é a construção do respeito e na construção do respeito à construção de linguagem, de estética, de símbolo.”

O objetivo do Ministério da Cultura é justamente nacionalizar as políticas culturais e seguir atuando em diversas frentes para garantir que a cultura seja acessível. 

Márcio Tavares explica que a valorização dos fazedores e gestores passa pela defesa da cultura, da democracia e das expressões dos territórios.

Esta é uma realização do Ministério da Cultura (MinC). Para mais informações, acesse: www.gov.br/cultura
 

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Ministra da Cultura, Margareth Menezes, faz discurso em evento na sede da UNESCO, em Paris

Ministra da Cultura participa de compromissos na sede da UNESCO, em Paris

Ministra da Cultura, Margareth Menezes, faz  discurso em evento na sede da UNESCO, em Paris

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, participou de compromissos na sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Paris, na França.

A titular do Ministério da Cultura discursou na abertura da 10ª Conferência das Partes da Convenção 2005. O evento reúne os 186 países signatários da Convenção e a União Europeia para avaliar o progresso alcançado na sua implementação e traçar ações futuras.

Margareth Menezes destacou a importância da Convenção na garantia do acesso e valorização da cultura em todas as suas dimensões: “Ao longo de seus 20 anos, a Convenção já provocou transformações profundas no campo cultural, tanto em nível local quanto internacional. Esse avanço extraordinário confirma um dos principais objetivos da Convenção: despertar, em escala global, a consciência sobre a importância de proteger a diversidade cultural com um bem comum da humanidade e meio de promoção do desenvolvimento sustentável”.

No discurso, a ministra ressaltou ainda como a Convenção tem orientado o Brasil na construção de políticas culturais inclusivas, democráticas e voltadas à diversidade: “Nossas políticas culturais impactam milhões de brasileiros e brasileiras, democratizando o acesso, valorizando a pluralidade, e fortalecendo as redes comunitárias em todas as regiões”.

A ministra da Cultura do Brasil também esteve na quinta edição do Fórum das Organizações da Sociedade Civil interessadas na implementação da Convenção UNESCO de 2005.

O evento discute a proteção e promoção da diversidade das expressões culturais. Para a ministra, o papel da sociedade no fórum é muito importante: “As vozes de todas as pessoas da diversidade humana precisam cada vez mais ser ouvidas, e isso fortalece a implementação dessa convenção que é tão importante. Após 20 anos, podemos dizer que a convenção é um instrumento vivo e que precisa estar aberta às mudanças do tempo”.

As celebrações pelos 20 anos da Convenção sobre a Diversidade das Expressões Culturais reforça o protagonismo da cultura feita no Brasil no cenário internacional. Todos têm direito à cultura, defende a ministra Margareth Menezes.

“O acesso à cultura em todas as suas dimensões deve ser ampliado, criando condições para que todas as pessoas tenham acesso e participem ativamente da vida cultural e de suas comunidades”.

Esta é uma realização do Ministério da Cultura. Para mais informações, acesse: www.gov.br/cultura

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No dia do Cinema Brasileiro, MinC alerta para necessidade de aprovação da Lei do Streaming

MinC quer aprovar ainda este ano a Lei do Streaming, que pretende regular os serviços de vídeo sob demanda oferecidos por plataformas como Netflix e Amazon Prime

No dia do Cinema Brasileiro, MinC alerta para necessidade de aprovação da Lei do Streaming

O Ministério da Cultura trabalha para aprovar ainda em 2025 a Lei do Streaming, que pretende regular os serviços de vídeo sob demanda oferecidos por plataformas como Netflix e Amazon Prime.

Para o Minc, a aprovação da lei é fundamental para impulsionar o audiovisual do Brasil e dar ainda mais destaque para o cinema nacional. E entre as principais vantagens da regulamentação, estão o fortalecimento da produção independente e a garantia da soberania cultural. Ou seja, o direito do Brasil de desenvolver e promover sua própria cultura, sem interferências externas que possam ameaçar a identidade e a diversidade cultural dos brasileiros.

Novas oportunidades para os criadores de todo o país também são defendidas pela ministra da Cultura, Margareth Menezes: “Essa nova geração que tá aí encontra dentro do audiovisual, um ambiente de geração de emprego e renda, enfim, é tudo. O audiovisual hoje é realmente um setor de aderência das novas gerações”.

O Ministério da Cultura defende as propostas presentes no projeto substitutivo apresentado pela deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), no que se refere aos pontos estruturantes apoiados pelo MinC para a regulação.

Os pontos estruturantes são: cota de 10% de conteúdo brasileiro nos catálogos; alíquota de Condecine de 6% do faturamento bruto anual, sem qualquer dedução e investimento direto em pré-licenciamento, e licenciamento exclusivamente de produção brasileira independente.

O MinC trabalha o tema num esforço conjunto entre governo, líderes e parlamentares, além do constante diálogo com representantes do setor e da sociedade civil.

O período atual é muito bom para o cinema brasileiro e é importante a regulamentação da lei acontecer, reforça a secretária do audiovisual do MinC, Joelma Gonzaga: “O debate tá muito rico, tá muito maduro e muito organizado. Então, assim, eu acho que a gente tá no melhor momento mesmo para regulamentar”.

No dia 19 de junho é celebrado o Dia do Cinema Brasileiro. A secretária lembra a data para reforçar que a aprovação da Lei do Streaming é crucial para impulsionar, ainda mais, a indústria cinematográfica e é uma prioridade do MinC.

Esta é uma realização do Ministério da Cultura. Para mais informações, acesse: www.gov.br/cultura/

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