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Economia

Pequena indústria enfrenta piora nas finanças pelo terceiro trimestre seguido, aponta CNI

Juros elevados, carga tributária alta e aumento da competição desleal pressionam negócios. Confiança e expectativas para os próximos meses seguem em queda

Pequena indústria enfrenta piora nas finanças pelo terceiro trimestre seguido, aponta CNI

As condições financeiras da pequena indústria registraram queda de 0,3 ponto entre o primeiro e o segundo trimestre de 2025, segundo o Panorama da Pequena Indústria (PPI), divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), na segunda-feira (11). O recuo de 40,6 pontos para 40,3 reflete dificuldades de acesso ao crédito, queda na lucratividade e impacto da elevação da taxa de juros.

“As condições financeiras da pequena indústria pioraram um pouco na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2025. Uma das explicações é a elevação da taxa de juros, que afeta diretamente a questão de acesso ao crédito. A gente percebe uma melhora das condições financeiras de uma forma geral também, o que pode ser atrelado à taxa de juros, uma vez que as dívidas ficam mais caras para as empresas. E, finalmente, a própria lucratividade também é afetada”, afirma o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.

O indicador vem em queda desde o fim de 2024. Apesar da piora nas finanças, o índice de desempenho do setor melhorou, com aumento na produção e maior utilização da capacidade instalada.

A pesquisa mostra que as taxas de juros elevadas foram o principal problema da pequena indústria da construção no segundo trimestre, citadas por 37,3% dos entrevistados, seguidas da carga tributária (35,6%) e da falta ou alto custo de mão de obra não qualificada (24,6%). A competição desleal, causada por informalidade, contrabando ou outros fatores, foi o problema que mais cresceu, passando de 14,4% para 22% em relação ao primeiro trimestre.

Na indústria de transformação, a carga tributária continua no topo das preocupações, apontada por mais de 40% dos empresários. Já a demanda interna insuficiente e os juros altos dividem a segunda posição, com 27% cada. A competição com importados apresentou o maior avanço no período, de 8,3% para 12,3%.

Cenário da pequena indústria: tecnologia e educação como pilares do crescimento

Para Daniele Trindade, diretora de Operações da Trindade Soluções Construtivas, o avanço do setor da construção civil no Brasil depende do equilíbrio entre acesso a crédito, inovação e formação de mão de obra. “A nossa jornada de crescimento fica bem mais lenta, porque limita o nosso acesso às linhas de crédito para ampliação. E isso se aplica aos clientes também, pois eles também buscam linhas de crédito para adquirir os nossos produtos. Esse desempenho melhorou porque a indústria da construção civil tem um grande impacto na economia nacional, o que acaba refletindo em mais empregabilidade e movimentação da economia”, explica.

Ela destaca que a tecnologia e a inovação têm sido aliadas estratégicas para otimizar a produtividade com menos custos, mesmo diante do desafio de encarar a competitividade internacional. “É muito complicado a gente conseguir a competitividade com circuitos que são importados da China, porque eles fazem lá em em grande escala e com custo muito inalcançável para outros países. Eu acredito que o desafio é a gente conseguir equilibrar a importação desses insumos de forma que a gente consiga integrar na nossa cadeia produtiva e aumentar a nossa competitividade, dentro do aspecto de qualidade para o nosso consumidor final”, pontua. “Por aqui, para a gente ter competitividade, a gente acaba focando muito em inovação e tecnologia, para a gente melhorar os nossos processos de produção”, completa.

Além de modernizar processos produtivos, Daniele enxerga que a educação tem papel transformador para ampliar o consumo consciente e a qualificação técnica. “Eu acredito muito na educação de mercado como vetor para desenvolvimento social e econômico. A gente está cada vez mais integrado com os eixos de P&D [Pesquisa e Desenvolvimento] dentro das faculdades, que conectam bem a nossa cadeia de consumidores com bons critérios de consumo, como a sustentabilidade”, afirma.

Cenário da pequena indústria: índice de desempenho

Apesar da pressão financeira, o índice de desempenho da pequena indústria subiu de 44,7 para 45,9 pontos no segundo trimestre, puxado pelo aumento no volume de produção, melhor utilização da capacidade instalada e crescimento do número de empregados.

O terceiro trimestre, no entanto, começou com sinais de cautela. Em julho, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) das pequenas indústrias caiu para 46,7 pontos, acumulando recuo em cinco dos últimos sete meses. As perspectivas também encolheram: o índice que mede as expectativas para os próximos meses recuou para 48 pontos, registrando queda em dois dos últimos três meses.

O PPI é divulgado trimestralmente e reúne dados da Sondagem Industrial, da Sondagem Indústria da Construção e do ICEI.

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Economia

Ibovespa fecha com terceira queda seguida

A baixa foi pressionada por uma combinação de fatores internos e externos.

Ibovespa fecha com terceira queda seguida

O Ibovespa encerrou o último pregão em queda de 0,73%, aos 140.680 pontos, terminando a semana com a terceira queda seguida. 

A baixa foi pressionada por uma combinação de fatores internos e externos. Aqui, o presidente Lula criticou o Congresso por resistir a impostos sobre casas de apostas e super-ricos, enquanto o governo deve liberar quase R$ 37 bilhões em crédito para habitação, o que é positivo para o setor.

A tensão entre EUA e China aumenta: Donald Trump anunciou que pode aumentar tarifas sobre produtos chineses. No geral, os investidores estão cautelosos e o índice segue sem direção clara.

Maiores altas e quedas do Ibovespa

Confira as ações com melhor e pior desempenho no último fechamento:

Ações em alta no Ibovespa

  • Sansuy (SNSY5): +6,55%
  • Baumer (BALM4): +6,41%

Ações em queda no Ibovespa

  • Tronox Pigmentos do Brasil (CRPG6):  −13,24%
  • Oranjebtc SA Educação e Investimento (OBTC3): −10,79%

O volume total negociado na B3 foi de R$ 22.1 bilhões

Os dados da bolsa podem ser consultados no site da B3.  

O que é o Ibovespa e como ele funciona?

O Ibovespa (Índice Bovespa) é o principal indicador do mercado acionário brasileiro. Calculado pela B3, ele reflete a média do desempenho das ações mais negociadas na bolsa, com base em critérios de volume e liquidez. O índice é composto por uma carteira teórica de ativos, que representa cerca de 80% do volume financeiro total negociado no mercado.

O que é a B3, a bolsa de valores do Brasil?

A B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) é a bolsa de valores oficial do Brasil, sediada em São Paulo. É responsável pela negociação de ações, derivativos, títulos públicos e privados, câmbio e outros ativos financeiros. A B3 está entre as maiores bolsas do mundo em infraestrutura e valor de mercado.  
 

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Economia

Dólar: moeda encerra o último pregão em alta

Volatilidade do câmbio aumenta; investidores atentos a medidas fiscais e cenário internacional

Dólar: moeda encerra o último pregão em alta

O dólar encerrou o último pregão em alta de 2,38%, cotado a R$ 5,50, disparando em frente ao real, na segunda alta seguida. 

A moeda teve forte alta nesta sexta-feira, refletindo a combinação de preocupações fiscais no Brasil e aumento da aversão ao risco no cenário internacional.

No exterior, declarações de Donald Trump sobre a elevação de tarifas a produtos chineses reacenderam o temor de uma guerra comercial, gerando cautela nos investidores.

Cotação do euro

Já o euro encerrou o último pregão em alta cotado a R$ 6,39.

Cotações

A tabela abaixo mostra as cotações cruzadas entre as principais moedas internacionais e o real. Cada célula indica quanto vale 1 unidade da moeda da linha em relação à moeda da coluna.

Código BRL USD EUR GBP JPY CHF CAD AUD
BRL 1 0,1817 0,1564 0,1360 27,5563 0,1455 0,2544 0,2801
USD 5,5031 1 0,8610 0,7490 151,66 0,8011 1,3999 1,5419
EUR 6,3910 1,1611 1 0,8698 176,11 0,9302 1,6256 1,7908
GBP 7,3463 1,3350 1,1495 1 202,46 1,0695 1,8689 2,0588
JPY 0,0363 0,0066 0,0057 0,0049 1 0,5282 0,0092 0,0102
CHF 6,8702 1,2485 1,0750 0,9351 189,33 1 1,7476 1,9251
CAD 3,9313 0,7144 0,6152 0,5351 108,34 0,5723 1 1,1016
AUD 3,5704 0,6485 0,5584 0,4858 98,34 0,5194 0,9077 1

Os dados são da Investing.com
 

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Gasto Brasil mostra que país gasta mais rápido e já ultrapassa os 4 trilhões de reais em 2025

Plataforma que monitora as despesas públicas revela aceleração recorde nos gastos; especialistas alertam para aumento da dívida e pressão sobre juros e inflação

Gasto Brasil mostra que país gasta mais rápido e já ultrapassa os 4 trilhões de reais em 2025

A três meses do fim de 2025, a soma de tudo o que foi gasto por estados, municípios e União chega à marca de 4 trilhões de reais — somando despesas da União, estados e municípios. Os dados são da plataforma Gasto Brasil, que reúne informações oficiais do Tesouro Nacional a partir do cruzamento de diferentes bases públicas.

Do outro lado, um “primo próximo” do Gasto Brasil, o Impostômetro, também atualizou seus números: no mesmo dia, atingiu 3 trilhões de reais em impostos arrecadados.

Os zeros são muitos — mas a diferença entre eles também. Um trilhão de reais é o que separa tudo o que se arrecadou de tudo o que se gastou até agora. E esse déficit pode ser preocupante, alerta o economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Ulisses Ruiz de Gamboa.

Déficit crescente e dívida em alta

Para Ulisses Ruiz de Gamboa, o país vive um desequilíbrio estrutural entre arrecadação e despesa. “O gasto está crescendo muito além da capacidade de arrecadação. O resultado disso é o aumento do endividamento e a persistência da inflação”, explica o economista.

 Ele destaca que essa tendência vem se consolidando durante o atual mandato presidencial. “O governo deve encerrar o terceiro mandato do presidente Lula com um aumento de cerca de 10 a 11% no endividamento em relação ao PIB”, calcula.

 Apesar de afastar o risco de uma “crise à la Grécia”, o especialista alerta que o Brasil pode enfrentar problemas de insolvência no futuro, caso não haja controle sobre o ritmo das despesas.

 “O governo não vai quebrar, mas a trajetória é preocupante. Gastar acima do que se arrecada aumenta a dívida, pressiona os juros e impede que eles caiam mais rapidamente”, analisa.

 O economista também lembra que, ao tentar equilibrar as contas, o governo tem recorrido ao aumento da carga tributária — o que acaba travando o crescimento.

 “Temos dois problemas: uma carga já muito elevada e uma despesa pública crescente. Isso desestimula o empreendedorismo e afeta o setor produtivo”, diz.

 Segundo Ulisses Ruiz de Gamboa, o cenário para 2026 deve ser de inflação mais resistente e juros mais altos por mais tempo, mesmo com alguma melhora na atividade econômica.

 “Há um lado positivo, que é a expansão do consumo e o desemprego baixo, mas o custo vem em forma de inflação persistente e necessidade de maior ajuste fiscal”, conclui.

Gasto acelerado e tendência de alta

O consultor da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e idealizador do Gasto Brasil, Cláudio Queiroz, confirma que o ritmo dos gastos nunca foi tão acelerado.

 “Se em 2018 o país levou 104 dias para chegar à marca de 1 trilhão de reais em despesas, em 2025 essa marca foi atingida em apenas 77 dias”, compara.

 Queiroz dirige um levantamento que compara o tempo — ao longo dos anos — que quantias marcantes demoraram para atingir esses patamares. “Em 2018, o gasto de R$ 1,5 trilhão levou 155 dias para ser alcançado. Agora, em 2025, atingimos esse patamar em 116 dias. Ou seja, estamos antecipando o gasto em quase 40 dias”, detalha.

 A tendência, segundo ele, é de novo recorde até o fim do ano. “Já passamos dos R$ 4 trilhões em despesas públicas”, afirma Cláudio. A defasagem entre o que se arrecada e o que se gasta segue aumentando mês a mês”.

 “O Gasto Brasil mostra que o país está ampliando as despesas a um ritmo de 100 bilhões de reais por mês, enquanto a arrecadação cresce num compasso menor”, explica o consultor.

 O estudo da CACB também vem aprimorando a leitura dos dados, detalhando, por exemplo, o peso da Previdência Social — hoje o principal componente das despesas.

 “Agora é possível ver o quanto vem do regime geral e do regime próprio, tanto da União quanto de estados e municípios. É uma conta alta e que exige medidas de contenção já a partir de 2026”, alerta Queiroz.

Sinal amarelo aceso

Para os especialistas, o retrato apresentado pelo Gasto Brasil serve como um alerta para a necessidade de controle fiscal. O país gasta mais e mais rápido, enquanto a arrecadação cresce em ritmo menor e a dívida aumenta.

 “O governo que assumir em 2027 — seja ele qual for — vai precisar agir rápido. Será preciso cortar gastos e melhorar a gestão pública. A conta já chegou”, resume Cláudio Queiroz.
 

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