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Tecnologia

Inteligência artificial deve ganhar marco regulatório em 2023

Proposta de regulamentação do tema, elaborada por comissão de juristas, está em análise no Senado

O conceito de inteligência artificial (IA) vai muito além daquele tratado em filmes futuristas. Segundo o relatório da comissão de juristas, encarregada da regulamentação do tema no Brasil, inteligência artificial é o sistema computacional com graus diferentes de autonomia, desenhado para inferir como atingir um dado conjunto de objetivos. A proposta elaborada pela comissão deve ser analisada no Senado em 2023.

O Marco Legal da Inteligência Artificial foi entregue ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em dezembro, e anexado ao PL 21/2020, que estabelece fundamentos, princípios e diretrizes para o desenvolvimento e a aplicação da inteligência artificial no Brasil. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ricardo Villas Bôas Cueva, que presidiu a comissão de juristas, destacou que diversos representantes da sociedade civil e especialistas foram ouvidos, além de terem realizado audiências públicas e seminário internacional para a construção do relatório.

“A comissão procurou se inspirar não apenas nas inúmeras contribuições apresentadas, mas também na experiência internacional, procurando, desse modo, sugerir um modelo de regulação que ao mesmo tempo promova de um lado segurança jurídica e inovação tecnológica e, do outro, garanta a proteção dos direitos humanos e das garantias individuais”, enfatiza o ministro.

Na ocasião, o senador Rodrigo Pacheco ressaltou o trabalho da comissão, iniciado em março de 2022. Ele afirmou, em rede social, que “os eixos da proposta são a compreensão e classificação de inteligência artificial, impactos da inteligência artificial, direitos e deveres, accountability, governança e fiscalização.” A proposta inclui medidas de governança, com a responsabilização em caso de infração à lei; a exigência de transparência no uso da IA; e a garantia de respeito aos direitos fundamentais, com a diretriz de que algoritmos não acentuem formas de discriminação.

Em entrevista ao Brasil 61, a advogada e professora de direito civil, comercial e econômico da Universidade de Brasília (UnB), Ana Frazão, que integrou a equipe de juristas comandada pelo ministro Cueva, explicou a importância da regulamentação da inteligência artificial no Brasil. Ela lembrou que, cada vez mais, a tecnologia assume papéis importantes na sociedade, como escolher quem será contratado para determinado emprego, por exemplo. Para a advogada, uma legislação específica se faz necessária para impedir a violação de direitos fundamentais.

“A partir do momento em que a inteligência artificial começa a assumir esse protagonismo em nossas vidas, começa também a haver o risco de que, ao fazer esses julgamentos, ao fazer essas referências, ao classificar e rankear pessoas, ela também possa estar violando os direitos dessas pessoas, ela possa estar discriminando pessoas ou determinados grupos e tantos outros aspectos,” argumenta.

Para Ana Frazão, além da regulamentação sobre o tema, o Brasil também necessita de mais investimentos em educação para evitar que a mão de obra humana venha a ser substituída pela tecnologia. A especialista destaca que os sistemas de inteligência artificial já substituem decisões humanas, em algumas áreas. Por isso, capacitar os trabalhadores brasileiros é fundamental.

“No Brasil, essa é uma preocupação que eu acredito que deve estar no nosso cenário, mas, repito, a solução para o problema não é impossibilitar o avanço da automação sempre que a automação se mostrar mais adequada, me parece que a solução do problema é investir em uma educação exatamente para possibilitar que os nossos trabalhadores consigam assumir novas funções mais qualificados e que, inclusive, revertam para ele maiores benefícios, como, por exemplo, o aumento de salários”, afirma.

O que é inteligência artificial?
De acordo com a consultora na área de proteção de dados e governança da internet no Instituto de Referência em Internet e Sociedade (IRIS), Juliana Roman, os sistemas de inteligência artificial são capazes de adaptar o seu comportamento, até certo ponto, através de uma análise dos efeitos das ações anteriores e de um trabalho autônomo, a chamada machine learning (aprendizado de máquina). Ela pontua que a inteligência artificial copia algumas capacidades humanas.

“A inteligência artificial é a capacidade que tem uma máquina para reproduzir competências semelhantes às humanas, como é o caso do raciocínio da aprendizagem, planejamento e também da criatividade. A inteligência artificial permite que sistemas técnicos percebam o ambiente que os rodeia e lidem com essa percepção resolvendo problemas, agindo no sentido de alcançar um objetivo específico”, explica Juliana Roman.

Para a consultora, a transformação digital tem sido a grande protagonista do século XXI. O ambiente virtual passou a ser integrado aos diferentes aspectos da vida humana, desde negócios às relações afetivas, o que, segundo Roman, tem causado diversos impactos nos níveis social, econômico e político na sociedade.

“A partir da inteligência artificial, é possível fornecer recomendações personalizadas aos usuários com base nas suas buscas, nas suas pesquisas, de compras anteriores e também do seu comportamento on-line. As traduções automatizadas, o software de tradução linguística, é baseado em texto escrito ou falado, confia na inteligência artificial para fornecer e melhorar as traduções. Em cidades inteligentes, podemos ver a inteligência artificial utilizada de forma a controlar o tráfego de automóveis. No combate à desinformação, algumas aplicações de inteligência artificial podem detectar notícias falsas, por meio do controle de informações”, exemplifica.

Marco legal da inteligência artificial
Diante dessa participação, às vezes até indesejada da inteligência artificial na vida da população, o marco legal da inteligência artificial, elaborado pela comissão de juristas, pretende estabelecer direitos para proteção das pessoas naturais e ferramentas de fiscalização, supervisão, previsibilidade e segurança jurídica. O documento prevê normas para o “desenvolvimento, implementação e uso responsável de sistemas de inteligência artificial no Brasil, com o objetivo de proteger os direitos fundamentais e garantir a implementação de sistemas seguros e confiáveis.”

O documento tem como fundamentos: a centralidade da pessoa humana; o respeito aos direitos humanos e aos valores democráticos; o livre desenvolvimento da personalidade; a proteção ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável; a igualdade, a não discriminação, a pluralidade e o respeito aos direitos trabalhistas; o desenvolvimento tecnológico e a inovação; a livre iniciativa, a livre concorrência e a defesa do consumidor; a privacidade, a proteção de dados e a autodeterminação informativa; a promoção da pesquisa e do desenvolvimento com a finalidade de estimular a inovação nos setores produtivos e no poder público; o acesso à informação e à educação, bem como a conscientização sobre os sistemas de inteligência artificial e suas aplicações.

Princípios

  • crescimento inclusivo, desenvolvimento sustentável e bem-estar;
  • autodeterminação e liberdade de decisão e de escolha;
  • participação humana no ciclo da inteligência artificial e supervisão humana efetiva; IV – não discriminação;
  • justiça, equidade e inclusão;
  • transparência, explicabilidade, inteligibilidade e auditabilidade;
  • confiabilidade e robustez dos sistemas de inteligência artificial e segurança da informação;
  • devido processo legal, contestabilidade e contraditório;
  • rastreabilidade das decisões durante o ciclo de vida de sistemas de inteligência artificial como meio de prestação de contas e atribuição de responsabilidades a uma pessoa natural ou jurídica;
  • prestação de contas, responsabilização e reparação integral de danos;
  • prevenção, precaução e mitigação de riscos sistêmicos derivados de usos intencionais ou não intencionais e efeitos não previstos de sistemas de inteligência artificial;
  • não maleficência e proporcionalidade entre os métodos empregados e as finalidades determinadas e legítimas dos sistemas de inteligência artificial.

Fonte: Brasil61

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Jornada Nacional de Inovação da Indústria chega a Vitória da Conquista (BA)

Evento representa marco para o desenvolvimento regional, diz gerente da FIEB. Representante do setor industrial do Sudeste baiano espera “forte engajamento” das empresas locais. Jornada debate transformação digital e transição ecológica, com foco em soluções sustentáveis e competitivas

Jornada Nacional de Inovação da Indústria chega a Vitória da Conquista (BA)

Vitória da Conquista (BA) recebe, nesta quarta-feira (24), a Jornada Nacional de Inovação da Indústria, iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O movimento percorre o país para conectar pessoas, ideias, tecnologia e meio ambiente em torno da transição ecológica e digital.

O encontro será realizado no HUB Conquista/Espaço Colaborar do Instituto Federal da Bahia (IFBA), com uma programação que inclui debates, cases locais e workshops práticos.

“Esse movimento acontece em todo o país e, aqui na Bahia, contempla cidades que simbolizam a diversidade e o potencial das regiões industriais do estado. Nossa expectativa é de forte engajamento das indústrias locais, o que consolidará o evento como um marco para o desenvolvimento regional. O nosso maior objetivo é que haja impactos positivos em relação à inovação, crescimento econômico e geração de valor para todo o Sudoeste da Bahia”, ressalta Antônia Bizerra, gerente de Relações Institucionais da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) na região.

Jornada de Inovação: empresas em destaque

A etapa de Vitória da Conquista conta com a correalização da FIEB, SESI, SENAI, IEL e Sebrae e Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI) da Bahia. O encontro tem ainda a parceria do Inova Conquista – Ecossistema Local de Inovação. 

Durante o evento, empresas, startups, universidades, instituições públicas e representantes do ecossistema vão compartilhar experiências e discutir caminhos concretos para tornar a indústria mais competitiva. Os painéis trazem modelos de sucesso do Sudoeste baiano, como os cases do IBR Hospital, Teiú e NathFarma (em transformação digital), além da Água de Coco Ice, Alimentos Tia Sônia e Recicla (em transição ecológica).

Na programação, os participantes poderão optar entre dois workshops simultâneos:

  • Recursos Financeiros para Inovar, com dicas práticas sobre editais e linhas de fomento;
  • Gestão da Inovação, abordando processos, inteligência de dados e integração da inovação às estratégias empresariais.

As inscrições são gratuitas e as vagas limitadas. Os interessados podem escolher entre participar da programação completa (manhã e tarde), apenas do turno da manhã (palestras e painéis) ou de um dos workshops da tarde. Inscreva-se aqui.

A Jornada Nacional de Inovação da Indústria está percorrendo o Brasil em busca das melhores práticas em soluções tecnológicas e sustentáveis, que serão apresentadas no Congresso Nacional de Inovação, em março de 2026, em São Paulo. A agenda completa dos eventos pode ser conferida no site oficial da mobilização.

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Tecnologia

Bahia recebe a Jornada Nacional de Inovação da Indústria para impulsionar transição ecológica e digital

Evento em Feira de Santana reunirá empresas, startups, universidades e governo para discutir soluções que fortalecem a competitividade regional

Bahia recebe a Jornada Nacional de Inovação da Indústria para impulsionar transição ecológica e digital

A Jornada Nacional de Inovação da Indústria chega ao município de Feira de Santana (BA), no dia 22 de setembro, na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a iniciativa tem como foco impulsionar a transição ecológica e digital no setor industrial, conectando empresas, startups, universidades e o poder público.

A programação inclui palestras, painéis e workshops sobre bioeconomia, sustentabilidade, inovação digital e gestão, além da apresentação de experiências de empresas locais.

Para a gerente de Relações Institucionais da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) na região Central da Bahia, Fernanda Moreira, o encontro será estratégico para o desenvolvimento regional. “Feira de Santana se destaca como um dos mercados mais fortes do interior da Bahia. Possui indústria diversificada, comércio dinâmico e ambiente acadêmico muito ativo. Trazer a pauta da inovação para o território é essencial, porque significa abrir espaço para que empresas de diferentes portes e segmentos tenham acesso a essas novas tecnologias, a novos modelos de negócio e práticas sustentáveis”, afirma.

Segundo Fernanda, o evento fortalecerá conexões estratégicas entre setor produtivo, academia e governo. “A Jornada contribui para reforçar a imagem da cidade como um polo inovador, capaz de atrair investimentos, reter talentos e inspirar novos empreendedores. Então, o evento consolida Feira de Santana no mapa da inovação e no desenvolvimento industrial da Bahia”, completa a gerente.

Jornada Nacional de Inovação da Indústria: etapa de Feira de Santana (BA)

A etapa de Feira de Santana prevê:

  • Palestra sobre bioeconomia e inovação no Portal do Sertão.
  • Painel sobre transição ecológica e digital, com cases e debates entre empresas, startups e academia;
  • Dois workshops: acesso ao fomento à inovação e gestão da inovação.

As inscrições são gratuitas e têm vagas limitadas. O participante pode escolher entre três modalidades: acompanhar toda a programação (manhã e tarde), participar apenas do turno da manhã, com palestra e painel de discussão, ou se inscrever exclusivamente nos workshops da tarde, escolhendo uma das duas temáticas disponíveis. Inscreva-se aqui.

A edição de Feira de Santana (BA) conta com a parceria da FIEB e suas casas Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL), do Sebrae Bahia e da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), além do apoio da UEFS e o Ecossistema Inova Feira de Santana de Negócios.

A Jornada Nacional de Inovação está percorrendo o Brasil em busca das melhores práticas em soluções tecnológicas e sustentáveis, que serão apresentadas no Congresso Nacional de Inovação, em março de 2026, em São Paulo. A agenda completa dos eventos pode ser conferida no site: www.jornadanacionaldeinovacao.com.br.

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Indústria alagoana se conecta ao futuro com Jornada Nacional de Inovação em Maceió

Evento reunirá lideranças para debater transição ecológica e digital, com foco em soluções regionais que podem ganhar escala nacional

Indústria alagoana se conecta ao futuro com Jornada Nacional de Inovação em Maceió

A Jornada Nacional de Inovação da Indústria, iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), desembarca em Maceió (AL), na próxima terça-feira (23). O evento reunirá lideranças locais para debater a transição ecológica e digital, com foco em soluções regionais capazes de alcançar escala nacional.

O encontro será realizado na Casa da Indústria Napoleão Barbosa, no bairro do Farol. Até março de 2026, a Jornada passará pelas 27 Unidades da Federação e será concluída no 11º Congresso de Inovação da Indústria, em São Paulo.

Para o assessor de Sustentabilidade Industrial da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), Júlio Zorzal, o evento é estratégico: “Alagoas será um dos primeiros estados do Nordeste a receber a Jornada Nacional de Inovação da Indústria. A Jornada conecta empresas, startups, universidades, governos e investidores, fortalecendo o ecossistema de inovação de Alagoas e preparando o estado para a economia do futuro”, destaca Zorzal.

Jornada Nacional de Inovação da Indústria: etapa de Maceió

A programação contará com painéis sobre os desafios e oportunidades da indústria alagoana, com a participação de empresas como Nosso Mangue, Cooperativa Pindorama, Veolia/Braskem (na área de transição ecológica) e Hand Talk, Telesil e Solar Coca-Cola (em transformação digital).

Também serão realizados workshops sobre acesso a recursos financeiros para inovação, com orientações sobre editais, linhas de financiamento e estratégias para estruturar projetos em empresas de diferentes portes.

As inscrições são gratuitas e com vagas limitadas. Os interessados podem escolher entre participar da programação completa (manhã e tarde), apenas do turno da manhã (palestras e painéis) ou de um dos workshops da tarde. Inscreva-se aqui.

A Jornada Nacional de Inovação está percorrendo o Brasil em busca das melhores práticas em soluções tecnológicas e sustentáveis, que serão apresentadas no Congresso Nacional de Inovação, em março de 2026, em São Paulo. A agenda completa dos eventos pode ser conferida no site oficial.

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