Após 56 dias de ocupação, os estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foram retirados do Pavilhão João Lyra Filho, principal prédio do Campus Maracanã. Eles descumpriram o prazo dado pela Justiça para que saíssem do edifício e, com autorização judicial, a Polícia Militar entrou no local para retirá-los.
Houve confronto, policiais usaram bombas de efeito moral, estudantes revidaram com pedras. Estudantes chegaram a ser detidos. O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) também foi detido,ao defender os estudantes.
Em nota, a reitoria da Uerj confirmou que, na tarde desta sexta-feira (20), foi concluída a desocupação do Pavilhão João Lyra Filho e assinada a reintegração de posse dos espaços da Uerj. Segundo a reitoria, a maior parte dos grupos da ocupação “evadiu-se antes que os agentes pudessem identificá-los. Outros, no entanto, foram detidos e levados para registro de ocorrência, visto que se encontravam em descumprimento de decisão judicial”.
A reitoria diz ainda que “lamenta profundamente que, apesar de todos os esforços de negociação – oito reuniões com entidades representativas dos estudantes e audiência de conciliação com a juíza do Tribunal de Justiça – a situação tenha chegado a esse ponto de intransigência por parte dos grupos extremistas da ocupação”.
Pelas redes sociais, os estudantes manifestaram indignação com a atitude da reitoria. “É absurdo, é autoritário, e só se viu ação assim durante a ditadura militar”, dizem em publicação e complementam em outra: “a reitoria da Uerj deu ordens para o choque retirar estudantes pobres de dentro da universidade”.
Em nota, o PSOL se manifestou sobre a prisão de Braga. “A prisão do deputado federal do PSOL Glauber Braga se deu de modo arbitrário e ilegal, quando nosso parlamentar tentava negociar uma solução pacífica para a reintegração de posse do Pavilhão João Lyra Filho”.
O partido informou ter acionado o departamento jurídico para avaliar as medidas cabíveis contra o estado do Rio de Janeiro.
Na ação, um policial se feriu enquanto manuseava os próprios equipamentos e acabou sendo levado para o hospital.
Reivindicações
Os estudantes protestam contra mudanças nas regras para a concessão de bolsas e auxílios de assistência estudantil. Eles pedem a revogação do Ato Executivo de Decisão Administrativa 038/2024, que estabelece, entre outras medidas, que o auxílio alimentação passará a ser pago apenas a estudantes cujos cursos tenham sede em campi que ainda não disponha de restaurante universitário. O valor do auxílio alimentação será de R$ 300, pago em cotas mensais, de acordo com a disponibilidade orçamentária.
Além disso, ato da Uerj estabelece como limite para o recebimento de auxílios e Bolsa de Apoio a Vulnerabilidade Social ter renda familiar, por pessoa, bruta igual ou inferior a meio salário mínimo vigente no momento da concessão da bolsa. Atualmente, o valor é equivalente a até R$ 706. Para receber auxílios, a renda precisa ser comprovada por meio do Sistema de Avaliação Socioeconômica.
As novas regras, segundo a própria Uerj, excluem mais de 1 mil estudantes, que deixam de se enquadrar nas exigências para recebimento de bolsas.
A Uerj informa ainda que as bolsas de vulnerabilidade foram criadas no regime excepcional da pandemia e que o pagamento delas foi condicionado à existência de recursos. De acordo com a universidade, os auxílios continuam sendo oferecidos para 9,5 mil estudantes, em um universo de 28 mil alunos da Uerj, e que todos os que estão em situação de vulnerabilidade continuam atendidos.
Regras de transição
Ao longo da ocupação, houve confrontos entre estudantes e universidade. Tanto a reitoria quanto os estudantes alegaram falta de espaço para negociações. A Uerj não recuou no ato, mas estabeleceu uma transição até que as novas regras passem a vigorar.
Entre as medidas de transição estão o pagamento de R$ 500 aos estudantes que deixam de se enquadrar nas regras da Bolsa de Apoio a Vulnerabilidade Social, o pagamento de R$ 300 de auxílio-transporte e tarifa zero no restaurante universitário ou auxílio-alimentação de R$ 300 nos campi sem restaurante. As medidas são voltadas para estudantes em vulnerabilidade social com renda per capita familiar acima de 0,5 até 1,5 salário mínimo e valem até dezembro.
Sem negociação, o caso acabou judicializado. No último dia 17, foi realizada uma audiência de conciliação, mas não houve acordo. A juíza determinou a desocupação da universidade, mas garantiu aos estudantes o direito à reivindicação. “Deve ser preservado o direito de reivindicação, devendo, contudo, os alunos, exercer tal direito nos halls existentes nos andares do prédio no período compreendido entre 22h e 6h da manhã, sem qualquer obstáculo ao regular funcionamento da universidade. Os demais espaços que os alunos pretendam ocupar devem ser submetidos à prévia aprovação da reitoria”, diz a decisão.
A juíza também agendou para o dia 2 de outubro uma nova audiência especial, com o objetivo de buscar um acordo sobre os valores das bolsas de estudo e dos demais auxílios.
Com muitas surpresas, Bera Play Produções estreia 3a e última temporada da série LGBT “Entre Nós”
A terceira e última temporada da websérie LGBTQIAP+ “Entre Nós“, estreou na noite desta nesta terça-feira (01), no YouTube da Bera Play, produtora carioca independente responsável pelo projeto. Estrelada por Una Plok (Catarina) e Katerina Amsler (Beatriz), e com roteiro escrito pela diretora Mariana Berardinelli, a nova fase da trama chega repleta de surpresas e amadurecimento.
“Entre Nós” conta a história das personagens Catarina e Beatriz,colegas de quarto que se apaixonaram durante a quarentena e, ao ver tudo voltando ao normal, começam a precisar lidar com a realidade e questões da vida que, até então, não eram necessárias e tudo isso respinga no relacionamento. Nas duas primeiras temporadas vivem conflitos e intensas reviravoltas.
Na nova fase elas vivem processos importantes de amadurecimento, onde encontram resoluções para diversas questões vividas nos episódios das temporadas anteriores, Agora, a série promete gerar muitas surpresas para o público. “É o momento de compreensão delas como um casal e também como mulheres independentes. Mas o mais legal disso tudo é que conseguimos contar essa história de uma forma bastante poética“, explica.
A atriz Katerina Amsler, afirma ter sido muito especial gravar a última temporada. “Fez com que tudo fosse mais intenso e mais inteiro, mas só entre nós, não existe despedida da personagem, ela vai estar pra sempre aqui comigo. O que aprendi com ela e tudo que ela me deu agora levo pra todos os outros trabalhos e personagens que eu fizer“, completa.
Já Una conta que finalizar este projeto foi como um sentimento de realização muito forte. “Não vou mentir. Eu tenho prazer em finalizar ciclos. Aquela sensaçãozinha de dever cumprido, sabe? Por tudo que conquistamos tanto em termos de números, indicações, mas principalmente em quantas pessoas essa história chegou e tocou. Não consigo nem imaginar a dimensão quando dizem que batemos não sei quantas milhões de visualizações. Só consigo medir em abraços virtuais através de todo carinho que recebemos das fãs, nossas nozes queridas“, afirma.
Sucesso e significância
O projeto já prova seu sucesso e qualidade ao somar mais de 28 milhões de visualizações totais e conquista admiradores extremamente fieis e apaixonados pela história a cada novo episódio. “Chegamos onde chegamos graças aos fãs. É uma série feita para eles. Com isso, preparamos uma homenagem no último episódio como forma de agradecimento e carinho. Estou ansiosa também para esse momento“, declara Mariana.
“Entre Nós” segue marcando a vida de muitas pessoas, não só do público, como também a da roteirista e diretora, elenco, produção e toda a equipe. Para Mariana, ela conta que é um projeto muito significativo na sua trajetória. “Foi a série que me reabriu as portas no audiovisual e me fez voltar a continuar produzindo pro YouTube”, completa a diretora e roteirista.
Katerina também comenta sobre o quão especial a sua personagem é para ela: “A Bia me ensina a não esquecer do amor e da ternura. Ela tem um coração gigante e age sempre com ele, às vezes na loucura na vida cotidiana, a gente esquece dele, faz as coisas com pressa, no automático e a Bia me faz lembrar sempre que eu tenho uma coração e que eu posso fazer escolhas escutando ele“, ressalta a artista.
Una também fala sobre a importância da personagem: “Eu admiro muito a Catarina. Gosto da trajetória dela antes, durante e depois do recorte que é mostrado na série. Acho ela muito forte e sobretudo resiliente. Lida com tudo com firmeza e mesmo assim com tranquilidade. Acho que existe uma contradição muito grande dentro dela o tempo todo, mas que é isso que a deixa extremamente humana. E depois de tanto se questionar, nessa temporada ela consegue se deixar levar um pouco mais e tenta parar de temer sua própria vulnerabilidade. E tenho muito orgulho dela por atingir essa coragem nessa reta final. Sinto que era o que ela precisava para chegar mais perto de uma vida mais feliz, realizada e plena ao lado das pessoas que ela ama”.
Sobre o que o público ainda pode esperar, a diretora afirma: “Muito amor e também muitas emoções, porque em todos os episódios acontece algo impactante. Também é notório o amadurecimento das protagonistas e isso faz com que a história caminhe para um lugar muito interessante“, finaliza.
O primeiro episódio já está disponível na Bera Play Produções. Acompanhe essa história todas as terças-feiras, às 20h no YouTube. Não percam!
Morre Cid Moreira aos 97 anos, um dos principais nomes da comunicação brasileira
Nas últimas semanas, Cid Moreira vinha tratando de uma pneumonia e teve falência múltipla de órgãos
O jornalista, apresentador e locutor Cid Moreira morreu nesta quinta-feira (3), aos 97 anos, por volta das 8h. Considerado um dos nomes mais marcantes da comunicação brasileira, ele estava internado no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Nas últimas semanas, vinha tratando de uma pneumonia e teve falência múltipla de órgãos. Até a publicação desta reportagem, não havia informações oficiais sobre horário e local do velório.
Nascido na cidade de Taubaté (SP), em 27 de setembro de 1927, Cid Moreira começou a carreia no rádio na década de 1940, atuando, com o passar do tempo, na Rádio Bandeirantes e na Propago Publicidade.
No início dos anos 1950, foi para o Rio de Janeiro, onde começou a ter as primeiras experiências na televisão. Na ocasião, ele apresentava comerciais em programas como “Além da Imaginação” e “Noite de Gala”, na TV Rio. Já a estreia dele nos noticiários ocorreu em 1963, no “Jornal de Vanguarda”. Nos anos seguintes, passou por emissoras como Tupi, Globo e Continental.
No final dos anos 1960, passou a atuar no “Jornal da Globo”. Na mesma época, começou a integrar a equipe do “Jornal Nacional”. A estreia ocorreu em setembro de 1969. Cid Moreira também teve passagens pelo Fantástico”.
Já na década de 1990, passou a se dedicar à gravação de passagens bíblicas. Em 2011, gravou a Bíblia na íntegra, projeto que se tornou um sucesso de vendas. Em 2010, a esposa dele, Fátima Sampaio Moreira, lançou a biografia “Boa Noite – Cid Moreira, a Grande Voz da Comunicação do Brasil”.
Multa de até R$ 50 milhões deve frear ligações de telemarketing
Decisão da Anatel proíbe empresas de utilizar múltiplos números para contatar consumidores
Índice
Mais uma medida adotada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) tenta combater o telemarketing abusivo adotado pelas empresas de telefonia do país. A novidade agora é que as operadoras não podem mais usar diversos números de telefone para contatar os consumidores.
O que para o advogado especialista em direito do consumidor Gabriel José Victor, do Kolbe Advogados e Associados, tem um impacto relevante nas relações de consumo.
“Isso cria uma maior transparência e respeito aos direitos dos consumidores, ao evitar práticas abusivas que são incômodas para pessoas com ligações incessantes e indesejadas. A decisão reforça a proteção à privacidade dos consumidores e melhora a confiança na comunicação comercial, uma vez que os consumidores poderão identificar mais facilmente quem está ligando e decidir se querem ou não atender.”
A ação da Anatel tem como objetivo, além de reduzir as chamadas indesejadas, reduzir os golpes. Com a mudança, as empresas que descumprirem as regras podem ser multadas em até R$ 50 milhões. Os consumidores que se sentirem lesados ou incomodados podem reclamar pelo site da Anatel ou pelo telefone 1331.
Orientações para o consumidor
Em caso de de ligações suspeitas, a Anatel orienta que:
O consumidor deve atender a chamada e permanecer calado — o que vai evitar que sua voz seja capturada para possíveis golpes utilizando inteligência artificial;
Desligar a chamada em até seis segundos — tempo suficiente para que a Anatel registre a ligação e possa penalizar a empresa responsável.
As novas regras buscam aumentar a proteção dos consumidores contra fraudes e chamadas indesejadas.
Não me perturbe
Desde 2019 a plataforma “Não Me Perturbe” do governo federal permite que os consumidores se cadastrem gratuitamente para bloquear ligações de telemarketing. O cadastro é feito no site naomeperturbe.com.br e o bloqueio das chamadas ocorre em até 30 dias.
O comerciante Marcelo Passos, morador de Brasília, conta como era antes da plataforma e da obrigatoriedade do prefixo 0303.
“Como era número de telefone celular e eu que trabalho no comércio, sempre pensava que poderia ser algum cliente. E com isso eu atendia, via que não era, me irritava, ficava nervoso e eles continuavam a ligar. Hoje, depois que me cadastrei no “não me perturbe” melhorou bastante. Não tenho mais esse problema e como se tornou protocolo o prefixo 0303, um ou outro que me liga, eu já não atendo mais” explica o comerciante.
Outras mudanças
Em setembro, a Anatel já havia anunciado a ampliação da obrigatoriedade do uso do prefixo 0303 para empresas. Com a mudança, que passa a valer no dia 5 de janeiro do ano que vem, a regra, que antes valia apenas para telemarketing, passou a ser empregada para qualquer empresa ou organização que faça mais de 10 mil chamadas diárias, independentemente do motivo.
A mudança foi motivada por um estudo feito pela Anatel que identificou que a maior parte das chamadas é feita por poucas empresas. Elas usam as redes de telecomunicações de forma desordenada e, como não são identificadas, insistem nas chamadas que costumam ser indesejadas pelos consumidores.
Em nota, a Conexis Brasil, que representa as principais empresas de telefonia do país, informou que “as empresas de telecomunicações associadas à Conexis Brasil Digital estão comprometidas com o combate às ligações fraudulentas e apoiam medidas que contribuem para sua redução. As novas iniciativas propostas pela Anatel estão sendo avaliadas pelas operadoras.”
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