Representantes do setor produtivo e parlamentares se reuniram nesta terça-feira (3) com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, para pedir a revogação da Portaria nº 3.665/2023, que trata das regras para abertura de estabelecimentos comerciais aos domingos e feriados. A norma está prevista para entrar em vigor em 1º de julho e tem gerado forte reação entre empregadores, que apontam risco de insegurança jurídica e prejuízo ao funcionamento do comércio.
Prorrogação não é suficiente, afirmam empresários
“O ministro já sinalizou a possibilidade da prorrogação da portaria, mas não da sua revogação. Mas é a revogação o pleito da CACB. Então, estamos já acordados de seguir esse diálogo durante a próxima semana, para termos uma posição definitiva do ministro sobre a possibilidade de revogação”, destacou Anderson Trautman Cardoso, vice-presidente jurídico da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB).
A reunião foi organizada pela Frente Parlamentar do Comércio e Serviço e contou com a presença de líderes como Leonardo Severini, presidente da União Nacional das Entidades do Comércio e Serviço (UNECS). Segundo os participantes, o encontro representou um avanço nas negociações, mas a expectativa do setor é por uma solução definitiva: a revogação da portaria.
A CACB e demais entidades devem continuar o diálogo com o governo nos próximos dias.
Tarifaço de Trump pode causar perda de 110 mil empregos no Brasil
A estimativa é da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Entidade realizou reunião de emergência com presidentes de federações estaduais de todo o país para avaliar impactos econômicos e sociais da medida; empresários defendem adiamento de tarifaço
Em reunião virtual de emergência realizada nesta segunda-feira (14), com presidentes das federações das indústrias de todo o país, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, alertou que o aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos poderá causar a perda de até 110 mil postos de trabalho no setor.
A reunião contou também com a participação da secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Tatiana Lacerda Prazeres, e teve como foco a avaliação dos impactos econômicos e sociais da medida.
Durante o encontro, os representantes da Indústria brasileira defenderam o adiamento mínimo de 90 dias na aplicação das novas tarifas, previstas para entrarem em vigor em 1º de agosto. O objetivo, segundo os participantes, é ganhar tempo para análises técnicas e articulações diplomáticas que possam reverter a medida.
Para a CNI, a decisão do governo norte-americano de impor um tarifaço generalizado não possui embasamento técnico e representa uma ruptura em uma relação comercial centenária. A medida vai afetar fábricas brasileiras e plantas industriais nos EUA que dependem de insumos brasileiros. Isso, na avaliação da entidade, trará impactos aos contratos de longo prazo e à previsibilidade necessária ao ambiente de negócios.
“Lembro que os EUA são o principal destino das exportações industriais do Brasil e o nosso país é um importante fornecedor para o mercado norte-americano”, afirmou o presidente da CNI, Ricardo Alban, logo após o anúncio do governo dos EUA. “Uma quebra nessa relação, com um impacto dessa magnitude, teria muitos prejuízos ao nosso crescimento, à competitividade, aos empregos e, consequentemente, um forte impacto sobre a economia em geral.”
No posicionamento, a CNI reforçou que o momento exige “ações enérgicas e equilibradas, tanto internas quanto externas”. “Devemos negociar a revogação da taxação na condição de país parceiro e de nação soberana. Cabe ao governo brasileiro defender os interesses da sociedade brasileira evitando, sobretudo, as armadilhas da polarização política que o episódio coloca no caminho”, pontuou a entidade.
O grupo será instituído por meio de decreto de regulamentação da Lei de Reciprocidade Econômica (Lei 15.122/25). A primeira reunião do grupo deverá ocorrer ainda nesta terça-feira.
O comitê será presidido pelo vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, e contará com os ministros Rui Costa, da Casa Civil), Mauro Vieira, das Relações Exteriores e Fernando Haddad, da Fazenda.
Segundo informações do MDIC primeira reunião oficial do comitê deverá ocorrer ainda nesta terça-feira (15).
Relação comercial entre Brasil e EUA em números (Fonte: CNI)
Para cada R$ 1 bilhão exportado para os EUA, em 2024, foram gerados:
– 24,3 mil empregos;
– R$ 531,8 milhões em massa salarial;
– R$ 3,2 bilhões em produção na economia brasileira.
Os Estados Unidos são o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira:
– Em 2024, as exportações brasileiras de produtos industriais para os EUA atingiram US$ 181,9 bilhões, um aumento de 2,7% em relação a 2023.
– O crescimento foi impulsionado por bens de consumo não duráveis e semiduráveis, com alta de 11% nas exportações em relação ao ano anterior.
Custo Brasil equivale a 20% do PIB e compromete a competitividade da indústria, aponta CNI
Pesquisa divulgada pela confederação mostra que tributação, burocracia e ineficiências estruturais são os principais entraves ao desenvolvimento do setor industrial brasileiro
Índice
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou uma pesquisa inédita que revela os principais obstáculos enfrentados pela indústria brasileira para competir no mercado internacional. De acordo com o levantamento, 45% dos empresários apontam a tributação e a complexidade tributária como os maiores entraves. Em segundo lugar está o Custo Brasil, citado por 35% dos entrevistados, seguido da falta de mão de obra qualificada (31%), burocracia e ambiente regulatório (25%) e insegurança jurídica (22%).
O chamado Custo Brasil representa uma soma de ineficiências, como entraves logísticos, excesso de burocracia, dificuldades tributárias, baixa qualidade da educação e insegurança jurídica, que encarecem a operação das empresas e reduzem a competitividade. De acordo com a CNI, esse custo já foi estimado em R$ 1,7 trilhão por ano, valor equivalente a 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
O vice-presidente da CNI, Leo de Castro, explica que o Custo Brasil representa a diferença entre produzir no Brasil e produzir nos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), considerados os mercados mais competitivos do mundo. “No Brasil, nós trabalhamos com um déficit em relação aos países da OCDE, que tira a competitividade de tudo que é produzido aqui, que faz com que os produtos também aqui produzidos fiquem mais caros para quem consome e para quem compra dentro do nosso país.”
Leo de Castro destaca que o combate ao Custo Brasil é uma agenda de redução de desperdícios, que não retira direitos, mas cria condições reais de competitividade. “Abrir mão de um quinto do PIB nacional em coisas que não agregam valor para ninguém e que tiram poder de compra da população, que tiram a oportunidade da indústria brasileira se desenvolver mais, exportar mais e se tornar mais relevante, isso tem que ser prioridade no país”, ressalta.
Para o tributarista Gustavo Conde, coordenador Tributário do escritório Vieira e Serra Advogados Associados, a complexidade tributária é um dos maiores entraves do ambiente de negócios no Brasil. “Um dos principais fatores é a vasta legislação tributária. A reforma tributária vem para tentar melhorar isso. Nós temos muitos tributos diferentes, então, isso traz um custo operacional muito grande. O fato de termos tributos ainda em cascata, por mais que a gente aumente a tributação para empresas, quem paga essa conta no fim é o consumidor. As empresas repassam o preço dentro do produto. Isso impacta lá na frente, principalmente os mais pobres, porque a nossa tributação sobre o consumo é muito elevada. Então acaba que todo mundo arca com esse Custo Brasil”, avalia.
Custo Brasil: principais fatores
Segundo a CNI, os principais fatores que compõem o Custo Brasil incluem:
Complexidade tributária e custo para apurar impostos;
Baixa qualidade da educação e do capital humano;
Altos custos logísticos e de infraestrutura;
Dificuldade de acesso ao crédito e elevado custo do dinheiro.
Custo Brasil: avanços recentes
Nos últimos anos, a agenda de enfrentamento ao Custo Brasil avançou. Leo de Castro ressalta que foram criadas instâncias específicas tanto no Legislativo quanto no Executivo:
No Congresso Nacional, a Frente Parlamentar do Brasil Competitivo atua com uma agenda anual de projetos voltados à superação dos gargalos;
No governo federal, o Grupo de Trabalho do Custo Brasil, ligado ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), monitora 42 projetos estratégicos, com potencial estimado de redução de até R$ 500 bilhões no custo estrutural.
Custo Brasil: caminhos para reduzir
A expectativa do setor produtivo é que medidas como a reforma tributária, o investimento em logística e digitalização e a modernização das relações entre governo e empresas contribuam para reduzir o custo estrutural do país e criar um ambiente mais competitivo e atraente para investidores.
“É uma agenda, às vezes, árida para ser compreendida pela classe política e pela sociedade, mas é uma agenda que a CNI, assim como o MBC (Movimento Brasil Competitivo) e outros institutos, têm procurado trazer luz e esclarecimento para que a sociedade compre isso e cobre para que isso, de fato, aconteça”, finaliza Leo de Castro.
Atividade econômica recua 0,7% em maio e tem primeira queda de 2025
Desempenho negativo do IBC-Br foi puxado pela agropecuária, que caiu 4,2%; no ano, indicador ainda acumula alta de 3,4%
Índice
O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), registrou queda de 0,7% em maio na comparação com o mês anterior, segundo dados dessazonalizados divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (14).
Essa é a primeira retração do indicador em 2025, após quatro meses consecutivos de alta. A última vez que o IBC-Br apresentou desempenho negativo foi em dezembro do ano passado, com queda de 0,9%.
O recuo observado em maio foi puxado principalmente pelo setor agropecuário, que encolheu 4,2% na passagem de abril para maio. A indústria também teve retração, de 0,47%, enquanto o setor de serviços permaneceu estável.
A influência da agropecuária foi tão expressiva que, sem esse setor, a queda do IBC-Br teria sido de apenas 0,37%.
Expectativa
Em comparação a maio de 2024, o IBC-Br teve alta de 3,2% (sem ajuste sazonal). Já na parcial do ano, a alta do indicador foi de 3,4% e, em doze meses, até maio de 2025, o crescimento foi de 4%.
Para este ano, entretanto, analistas projetam uma desaceleração do crescimento econômico, influenciada principalmente pelo ciclo de alta dos juros adotado pelo Banco Central como estratégia para controlar a inflação.
Segundo o economista Newton Marques, esses dados ainda são insuficientes para determinar uma projeção de médio a longo prazo.
“Esperava-se que houvesse pelo menos uma estabilidade e não uma queda. Mas se olharmos em 12 meses, vamos ver que (o acumulado) ainda continua em mais de 4%. Então, isso não é tão preocupante no momento, que poderia mostrar uma desaceleração da atividade econômica, conforme alguns economistas estavam prevendo”, avalia.
O que é o IBC-Br?
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) é um indicador que acompanha, mensalmente, o desempenho da economia brasileira. Embora não represente diretamente a soma de todos os bens e serviços produzidos — como faz o PIB —, ele oferece uma estimativa baseada em dados de setores como agropecuária, indústria e setor de serviços, além dos impostos.
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